
Fachada do Instituto de Súade da Criança do Amazonas (Foto: Divulgação)
MANAUS (AM) – Internado há quase duas semanas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da Maternidade Balbina Mestrinho, o bebê Francisco Hélio Pinto Torres, nascido prematuro de 32 semanas, aguarda o início do tratamento de hemodiálise. Transferido de urgência de Coari para Manaus no dia 23 de maio, o recém-nascido ainda não recebeu o implante de cateter necessário, segundo a família, devido a entraves burocráticos.
Segundo os pais, Francisco foi inicialmente internado no Balbina Mestrinho, mas, por falta de equipe cirúrgica, recebeu alta hospitalar na última sexta-feira (30) para ser transferido ao Instituto da Criança do Amazonas (ICAM), onde o procedimento seria realizado. Já a caminho, a família foi informada de que o ICAM priorizara outra emergência e não poderia mais recebê-lo, obrigando o retorno imediato à UTI de origem — um deslocamento perigoso, já que o bebê permanece entubado.
Desde então, o trajeto Balbina–ICAM se repetiu diversas vezes devido a exames solicitados. Em quatro dias de idas e vindas, o quadro clínico de Francisco piorou. “Ele estava estável para a transferência, mas agora não pode mais sair. Só resta levar um cirurgião pediátrico e um anestesista até a maternidade”, relata um familiar.
A Defensoria Pública foi acionada e obteve decisão judicial favorável: o Estado deve providenciar, “em caráter de urgência”, profissionais habilitados ou vaga em outra unidade capaz de implantar o cateter de hemodiálise. Mas, até a manhã desta quarta-feira (4), nenhuma equipe se apresentou.
A família permanecem no hospital 24 horas por dia, tentando, sem sucesso, contato direto com a direção do ICAM. Enquanto isso, o recém-nascido continua dependente de suporte ventilatório e corre risco crescente de complicações renais irreversíveis.
Profissionais ouvidos pela reportagem afirmam que, tecnicamente, o procedimento pode ser feito no próprio Balbina Mestrinho, desde que se desloque a equipe necessária. O entrave, dizem, é a autorização administrativa — exatamente o ponto onde o processo emperra.
A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) foi procurada para comentar a falta de assistência e explicar por que a decisão judicial ainda não foi cumprida, mas não respondeu até o fechamento desta edição.