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Polícia

Michael Saboia chega a Manaus sob os gritos de ‘assassino’

Michael Saboia de Souza foi preso na última sexta-feira (5), por policiais civis da SHHP, no bairro Anjo da Guarda, em São Luís, no Estado do Maranhão

Michael chega na Delegacia Geral sob gritos de “assassino” (Foto: Josemar Antunes)

Manaus – Michael Saboia de Souza, 19, procurado por assassinar a adolescente Heloísa Medeiros da Silva, 17, chegou por volta das 11h50 desta terça-feira (9) ao prédio da Delegacia Geral da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), no bairro Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste de Manaus. Ele encarou a imprensa e familiares da vítima que o chamavam de “assassino”.

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Antes de acessar as dependências da instituição, Michael, que estava algemado, pediu perdão para a mãe da adolescente e afirmou que não teve intenção de matar Heloísa. Ele declarou que estava alcoolizado e a adolescente estava sob efeito de entorpecentes.

“Eu quero pedir perdão, estou arrependido e não matei porque quis. Nós estávamos alcoolizados e sua filha estava drogada. Eu vou pagar o crime que cometi”, declarou Michael.

“Estou arrependido e não matei porque quis”, diz assassino ao pedir perdão para mãe de Heloísa (Foto: Josemar Antunes)

O investigado foi preso na última sexta-feira (5), por policiais civis da Superintendência Estadual de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHHP), em cumprimento a um mandado de prisão pelo crime de feminicídio. Ele estava escondido em uma quitinete alugada no bairro Anjo da Guarda, em São Luís, no Estado do Maranhão (MA).

O caso

Heloísa foi encontrada morta no dia 15 de dezembro de 2019 (Foto: Divulgação)

Heloísa desapareceu no dia 12 de dezembro de 2019, quando teria saído de casa, por volta das 23h, na comunidade Mundo Novo, bairro Flores, Zona Centro-Sul de Manaus, para comemorar o aniversário de um amigo, em um bar no bairro Nossa Senhora das Graças, também na mesma zona.

Após quatro dias sem dar notícias, a jovem foi encontrada morta pelo tio de Michael, por volta de meia-noite de domingo (15), em uma residência de propriedade da avó do acusado, localizada na Rua Miranda Leão, no bairro Centro, na Zona Sul da capital.

Heloísa estava seminua e com indícios de violência sexual. A vítima também apresentava sinais de tortura, como as unhas arrancadas e cabeça raspada, além de marcas de estrangulamento.

De acordo com o delegado Paulo Martins, titular da DEHS, Michael revelou detalhes sobre o crime com frieza e sem demonstrar arrependimento.

“Michael é um assassino frio e calculista. Ele contou que convidou Heloísa para beber em um bar, que fica no conjunto Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças. No lugar, ele afirmou que ingeriu bebidas alcoólicas juntamente com Heloísa, mas que a jovem também passou a consumir entorpecentes. Por volta das 4h, do dia 13, Michael levou Heloísa para sua casa, situada na Rua Miranda Leão, no Centro, onde tinha a intenção de se relacionar. Durante a madrugada, ele recebeu uma mensagem no seu celular de outra mulher. Após ler o conteúdo, Heloísa ficou com ciúmes e o agrediu”, disse.

Conforme o delegado Paulo Martins, Michael alegou que durante a discussão imobilizou Heloísa com um abraço e, em seguida, adormeceu. Ao acordar no sábado (14), percebeu que a jovem estava morta e saiu para trabalhar normalmente no Centro, onde fazia entregas de comidas. Depois do trabalho foi para um aniversário na noite do mesmo dia.

Ao retornar para casa no fim da tarde, Michael decidiu cortar o cabelo e arrancar as unhas postiças de Heloísa, com objetivo desfigurar e abandonar o corpo em algum lugar.

“Michael começou a pensar como iria se livrar do corpo. A partir disso, ele teve três ideias malucas. A primeira foi desfigurar a moça para dificultar a identificação. Depois achou que seria possível embrulhar o corpo em um pano e jogar no rio para os peixes comerem. A terceira era jogar o corpo no terreno baldio, que fica ao lado da casa dele para os urubus comerem. Ele admitiu o crime, e as circunstâncias batem com a avaliação da perícia criminal”, explicou o delegado.

Fuga

Após o crime, Michael foi para uma cidade do interior e depois retornou para Manaus. Ao perceber que estava sendo procurado pela polícia, Michael entrou em contato com a ex-esposa, a mãe e advogado. Em seguida, ele pegou um barco até Belém (PA) e seguiu via terrestre para o Estado do Maranhão, onde permaneceu por seis meses utilizando a carteira de identidade do irmão e trabalhando empregado.

Mãe da adolescente

Vanusa Medeiros, 39, afirmou que não perdoa assassino de filha (Foto: Josemar Antunes)

A mãe da adolescente assassinada, Vanusa Medeiros, 39, declarou em tom de revolta que a filha era perseguida e nunca vai perdoar Michael.

“Ele pode esquecer que um dia terá o meu perdão. Eu não acredito no arrependimento desse homem que era possessivo e rodeava Heloísa. O que ele fez com a minha filha foi injusto, ela se quer teve o direito de defesa”, disse revoltada Vanusa Medeiros.

A mãe de Michael ainda foi confrontada na porta da delegacia por Vanusa, que declarou não deixar a imagem da filha ser denegrida. A mulher se manteve calada sob os gritos de pedido de justiça acompanhada de um advogado da família.

Procedimentos 

Michael vai responder pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. Após ser ouvido na DEHS, ele será submetido ao exame de corpo de delito e ficará preso à disposição da Justiça em uma unidade do sistema prisional do Amazonas.