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Polícia

Comoção e revolta marcam cortejo de adolescente morto por bala perdida

Jorge Gustavo foi atingido com um tiro na cabeça no dia 12 de maio deste ano e estava internado no Hospital e Pronto-Socorro “Joãozinho”

Muita comoção e revolta marcaram o cortejo fúnebre (Foto: Divulgação)

Manaus – O cortejo funerário de Jorge Gustavo Silva dos Santos, 12, foi marcado por muita comoção e revolta de amigos e familiares, na tarde desta terça-feira (19), pelas ruas do bairro Compensa, na Zona Oeste de Manaus.

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O adolescente morreu na noite de segunda-feira (18), no Hospital e Pronto-Socorro da Criança da Zona Leste (HPSCZL), também chamado de “Joãozinho”, após o diagnóstico de morte cerebral.

Jorge Gustavo foi atingido com um tiro na cabeça no dia 12 de maio deste ano, em uma banca de churrasco na frente de casa, na Rua 21 de Junho, no bairro Compensa.

Com buzinaço, balões brancos, fogos de artifícios e hinos evangélicos, uma multidão de amigos e familiares acompanhou o cortejo fúnebre. O ato que contou apoio de viaturas da Polícia Militar pedia paz e justiça pela morte do adolescente.

Os profissionais da saúde do SPA Joventina Dias também prestaram homenagens (Foto: Divulgação)

Durante a passagem do cortejo em frente ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias, na Rua T6, onde Jorge Gustavo foi atendido inicialmente, os profissionais da saúde também prestaram suas homenagens sob forte emoção.  

Após o clamor com indignação, o corpo que havia sido velado em uma funerária no bairro Alvorada, na Zona Centro-Oeste da capital, seguiu para o Cemitério Recanto da Paz, no município de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus).

Entenda o caso

Jorge Gustavo Silva dos Santos, 12, foi baleado na cabeça no momento em que comprava churrasco na frente de casa. Na ocasião, ocupantes de um carro branco, de placa não reconhecida, chegaram ao local atirando contra Kevyn Pedrosa Alves, 23, vulgo “Kevinho”.

Durante o ataque, outro homem, identificado como Pedro Paulo Carmin, 28, foi atingido no pé direito. As vítimas foram socorridas e levadas para o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias, que fica no mesmo bairro.

Conforme informações da polícia, o alvo dos criminosos era “Kevinho”, que fazia parte do Comando Vermelho (CV). O mesmo havia deixado à Família do Norte (FDN), mas teria sido morto pelos próprios integrantes da facção atual.

Já outro homem, então vítima de bala perdida, recebeu alta médica no mesmo dia. Com estado mais crítico, Jorge Gustavo foi transferido para o “Joãozinho”, onde não resistiu ao ferimento.

Operação

Após série de homicídios e tentativas de homicídios no bairro Compensa, a operação “Contra Ataque”, deflagrada na tarde de quinta-feira (14), pelo Departamento de Repreensão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), prendeu nove integrantes do CV.

Entre os presos, Marcelo dos Santos Farias, vulgo “Teco”, também conhecido como “My love” e “Bolt”, um dos líderes da facção de origem carioca. Ele é acusado de ser o mandante da morte de “Kevinho”, que foi morto com 12 tiros.

As investigações, apontam ainda, “Teco” como responsável pelos assassinatos do promotor de vendas Samuel Nogueira Ferreira Filho e do industriário Júlio Rodrigues da Silva. As vítimas, de 22 anos, foram executadas dentro de uma pizzaria no dia 4 de maio deste ano, no Beco Pantanal, também no bairro Compensa.

Na mesma ação, foi preso Renald, considerado o braço direito do narcotraficante Kaio Wellington Cardoso dos Santos, conhecido como “Mano Kaio” ou “Kaio do 40”, que está foragido sistema prisional desde o dia 12 de maio de 2018.

“Mano Kaio” também foi responsável pelo massacre nos presídios de Manaus, na tarde do dia 1º de janeiro de 2017, que resultou na morte de 56 detentos. Durante a rebelião, 130 apenados conseguiram fugir do sistema carcerário do Amazonas.

Além dos presos na operação, que contou com apoio do Grupo Força Especial de Resgate e Assalto (Fera) e Delegacia Fluvial (Deflu), foram apreendidos 150 quilos de entorpecentes, entre maconha e cocaína, além de duas armas de fogo e dois veículos.

Os assassinatos no bairro Compensa, então berço da FDN, e que vem resistindo a entrada de integrantes do CV, estão sendo investigados pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).