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Ex-presidente do Vasco e ex-deputado, Eurico Miranda morre aos 74 anos no Rio de Janeiro

Conhecido por suas polêmicas e conquistas, o dirigente não resistiu à batalha contra câncer no cérebro.

A trajetória de títulos, polêmicas e rivalidades foi interrompidas por um câncer no cérebro do dirigente (Foto: Divulgação/Vasco)

Rio de Janeiro/RJ – O ex-presidente do Vasco da Gama, Eurico Ângelo Oliveira Miranda, morreu aos 74 anos, no início da tarde desta terça-feira (12). O cartola estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O dirigente mais famoso e polêmico do clube de São Januário lutava contra um câncer no cérebro há dez anos. Eurico Miranda deixa quatro filhos e sete netos.

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As atividades e o treino do time profissional marcado para a tarde desta terça-feira, em São Januário, foram cancelados. O velório terá início a partir das 18h na Capela Nossa Senhora das Vitórias, que fica na sede do clube, e será aberto ao público. O corpo seguirá para o cemitério São João Batista, onde será sepultado na tarde de quarta-feira (13), apenas com a presença dos familiares e amigos.

Com a saúde debilitada, inclusive dificuldade para se alimentar Eurico Miranda não fez aparições públicas nos últimos meses. Para cuidar da saúde do dirigente, a família montou uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em casa, com “home care” que significa “cuidados em casa”, além de enfermeiras se revezando. As visitas, inclusive de pessoas mais próximas, eram controladas pela família durante o tratamento.

Após passar mal, Eurico Miranda foi levado de ambulância ao Hospital Vitória, mas não conseguiu sobreviver. O dirigente vinha sofrendo com problemas de saúde nos últimos anos, o que incluía um tumor na cabeça. Em anos recentes, inclusive, havia vencido um câncer na bexiga e outro no pulmão.

Embora estivesse debilitado, Eurico Miranda nunca se afastou da política do Vasco da Gama, tanto que exercia o cargo de presidente do Conselho de Beneméritos do clube. Marcado por polêmicas e alvo de diversas denúncias, Eurico Miranda não vinha mais participando de eventos públicos, deixando de acompanhar, inclusive, os jogos do time em São Januário, algo que sempre foi costumeiro e marcou a sua passagem pelo clube. Nas últimas aparições, era vista quase sempre em cadeiras de rodas e apresentava dificuldades para falar.

Filho de portugueses e de personalidade forte, Eurico Miranda era advogado e começou atuar no Vasco na década de 1960. Ele foi um dos dirigentes mais conhecidos da história do futebol brasileiro e do Vasco, clube que presidiu em dois períodos, de 2003 a 2008 e de 2015 a 2017. Nesta última gestão, conquistou o tricampeonato carioca de futebol e amargou três rebaixamentos do clube para a segunda divisão do futebol.

Além desse período, acumulou cargo como presidente do Conselho Deliberativo e de vice-presidente de futebol. Como vice-presidente na gestão de Antônio Soares Calçada, Eurico Miranda teve a passagem mais marcante pelo Vasco da Gama, entre 1986 a 2000. Foram seis conquistas estaduais, três Campeonatos Brasileiros de 1989, 1997 e de 2000, então denominada Copa João Havelange, uma Copa Libertadores de 1998, uma Mercosul e um Rio-São Paulo.

As primeiras atitudes de maior repercussão como dirigente foram nos anos 1980, quando contribuiu para o clube conseguir o retorno do atacante Roberto Dinamite, que estava no Barcelona, da Espanha. Na mesma década, ele articulou duas negociações importantes para o Vasco: a venda de Romário para o PSV Eindhoven, da Holanda, e a compra de Bebeto, que pertencia ao rival Flamengo.

Atuando como homem-forte do futebol vascaíno, Eurico Miranda costumava dar entrevistas polêmicas, quase sempre aparecia na frente das câmeras com um charuto e era bastante centralizador. “Aqui no Vasco mando eu. Ditatorialmente!”, afirmou certa vez.

Em um dos jogos entre Vasco e Flamengo pela Taça Guanabara de 2000, Eurico Miranda mandou distribuir ovos de páscoa para os torcedores do Vasco. Na ocasião, o clube cruzmaltino goleou o Flamengo por 5 a 1. Outro fato marcante do dirigente foi quando se tornou um dos protagonistas do dia da tragédia ocorrida em São Januário, com a queda do alambrado, na final da Copa João Havelange contra o São Caetano (SP).

Eurico se tornou figura central do futebol nacional. Paralelamente ao clube, o dirigente ingressou na carreira política e chegou a ser deputado federal, em mandatos que duraram de 1995 a 2002. .Durante o seu mandato parlamentar, foi um dos investigados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades do futebol brasileiro.

Sempre polêmico, muitas vezes proibiu a entrada de órgãos de imprensa e de determinados jornalistas de entrarem na sede do Vasco, em São Januário. Em 2017, tentou ser eleito mais uma vez presidente do Vasco, mas acabou derrotado.

A Justiça anulou o pleito vencido por Eurico Miranda por fraude na urna 7 e deu a vitória a Júlio Brant. Em novo round, desta vez no Conselho, Eurico e Roberto Monteiro se aliaram a Alexandre Campello, para derrotar Julio Brant no dia 20 de janeiro de 2018. Essa foi a última grande prova de poder de um dos principais nomes da história do Vasco.