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Cidades

Hemoam fará teste inédito para identificar malária no sangue de doadores

O teste, ainda inédito no Brasil, foi uma demanda do Amazonas, por conta de haver risco de transmissão da malária por doador de sangue assintomático (Foto: Divulgação)

A Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), se prepara para passar a fazer também testes para identificar malária no sangue coletado de seus doadores. A previsão é que o projeto piloto, que tem a parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), inicie até o mês de março. Será o primeiro hemocentro do País a fazer pesquisa deste tipo de doença, no sangue dos doadores.

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Segundo o diretor-presidente do Hemoam, Nelson Fraiji, a inclusão do teste, ainda inédito no Brasil, foi uma demanda do Amazonas, por conta de haver risco de transmissão da malária por doador de sangue assintomático. Se a experiência der resultado, o procedimento será aplicado aos demais estados do País.

De acordo com o diretor, existe o risco de transmissão da malária por meio da transfusão, porque, durante o período de incubação da doença, o doador não sente sintoma nenhum. “Pode acontecer de o sujeito residir em uma área de transmissão, estar infectado e estar no período de incubação da doença. Não tem sintoma, não sente nada. Mas, se ele doar sangue, o parasita está lá e o receptor desse sangue vai ter malária. Quando ele passa na triagem, ele não tem sintoma nenhum, é aparentemente sadio”, explica Nelson.

O diretor diz que, além do Amazonas, também serão testadas amostras de todos os doadores do Acre, Rondônia e Roraima. “Nós queremos identificar o indivíduo que está com o parasita no sangue e está no período de incubação. Se o teste for positivo, aquela bolsa de sangue coletada é desprezada”, explica Nelson.

Nos dias 9 e 10 deste mês, técnicos da Fiocruz visitaram o laboratório de Teste de Ácidos Nucleicos (NAT, sigla em Inglês) do Hemoam, para avaliar as mudanças que necessitarão ser feitas para ampliar a pesquisa do sangue coletado também para malária. Uma nova visita está agendada para fevereiro, ocasião em que serão discutidas outras estratégias da pesquisa, até o teste piloto previsto para março.

Atualmente, todo o sangue doado no Hemoam passa por testes para identificar hepatite B e C, Doença de Chagas, HIV, Sífilis e outras doenças que afetam o sistema nervoso e imunológico. Para fazer o teste também para a malária, será implantado um novo sistema no laboratório, além da substituição de equipamentos.

Estudos

A inclusão do teste para malária no “kit de diagnóstico NAT” tomou por base também os estudos do pesquisador Wuelton Marcelo Monteiro, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), órgão também vinculado à Susam. Segundo o pesquisador, pessoas que habitam as periferias de grandes centros urbanos têm chances de adquirirem a malária urbana. Como essa população tem acesso aos bancos de sangue, as chances de transmissão da doença por meio da transfusão são grandes.

Os equipamentos e metodologia para o novo teste é fruto de um trabalho em conjunto do Instituto Bio-Manguinhos e da Fiocruz. De acordo com a gerente do Laboratório de Sorologia – NAT do Hemoam, Cláudia Abrahim, a Fiocruz iniciou a produção do novo kit de diagnóstico em setembro de 2017, e de lá até aqui vêm sendo realizados testes.

Com informações da assessoria