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Ativista bielorrusso que estava desaparecido é achado morto na Ucrânia

Corpo de Vitali Shishov, de 26 anos, foi encontrado em Kiev. Ele fazia oposição ao governo do ditador Alexander Lukashenko

(Foto: Reprodução/Instagram)

Vitali Shishov, diretor de uma ONG bielorrussa que estava desaparecido desde segunda-feira na Ucrânia, foi encontrado enforcado em Kiev, anunciou nesta terça-feira (3) a polícia, que iniciou uma investigação por “assassinato”.

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“O corpo do bielorrusso Vitali Shishov, desaparecido ontem em Kiev, foi encontrado hoje em um dos parques de Kiev, perto do local em que residia”, afirmou o chefe da policía nacional, Igor Klymenko, em coletiva de imprensa.

A polícia abriu uma investigação por homicídio premeditado, mas também considera a possibilidade de um ato voluntário.

“Um suicídio e um assassinato disfarçado de suicídio são as principais hipóteses”, disse Klymenko.

Em resposta a uma pergunta sobre as declarações de um ativista bielorrusso, segundo o qual Shishov tinha hematomas no rosto o nariz quebrado, o chefe da polícia informou apenas pequenas lesões “características de uma queda”, sem mais detalhes.

A organização Casa Bielorrussa na Ucrânia (BDU) denunciou no Telegram uma operação das autoridades bielorrussas para “liquidar” uma pessoa “perigosa para o regime” do presidente Alexander Lukashenko.

“Não há dúvida de que esta é uma operação planejada pelos chekistas”, termo usado para designar as forças de segurança bielorrussas, disse a ONG, cuja missão é ajudar bielorrussos que fogem para a Ucrânia para escapar da repressão em seu país, onde milhares de pessoas foram presas no último ano.

“Vitali era vigiado e a polícia (ucraniana) havia sido informada a respeito. Fomos advertidos em várias ocasiões, tanto por fontes locais como por pessoas em Belarus, sobre (a possibilidade de) todo tipo de provocações, que poderiam chegar ao sequestro e morte”, completou a ONG.

Shishov, de 26 anos, havia saído para correr por Kiev na segunda-feira, mas nunca voltou.

Segundo a “Casa Bielorrussa”, Shishov foi obrigado a fugir para a Ucrânia em 2020, depois de participar no mês de agosto de protestos contra o governo em Gomel, sul de Belarus, e de ter “expressado oposição ativa” às autoridades.

Ameaçado inclusive no exílio

Desde então, Shishov se dedicou a ajudar seus compatriotas exilados na Ucrânia pelos mesmos motivos que ele e participou da organização de protestos em Kiev contra o governo de Lukashenko, segundo o BDU.

A Organização das Nações Unidas pediu nesta terça-feira a Kiev que conduza uma investigação “completa, imparcial e eficaz” sobre a morte.

Vários bielorrussos fugiram do país e seguiram especialmente para Ucrânia, Polônia e Lituânia, em um período de intensa repressão da oposição ao regime de Lukashenko, que governa desde 1994 a ex-república soviética que fica no meio do caminho entre a UE e a Rússia.

“Os bielorrussos não estão seguros no exterior enquanto houver alguém que tente se vingar e esconder a verdade, livrando-se das testemunhas”, disse no Telegram a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.

Depois de se reunir com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson em Londres, ela disse que aguarda “os resultados da investigação” antes de acusar Belarus de ter promovido um crime.

A opositora considerou que ela mesma “poderia desaparecer a qualquer momento”.

O caso de Vitali Shishov aconteceu um dia depois do incidente nos Jogos Olímpicos de Tóquio com a atleta bielorrussa Kristina Tsimanuskaya, que afirmou ter sido obrigada a abandonar a competição e foi ameaçada de ser enviada de volta ao país depois que criticou a federação de atletismo de Belarus nas redes sociais.

A velocista de 24 anos se refugiou na embaixada da Polônia, país que concedeu visto humanitário na segunda-feira.

O histórico movimento de protesto após as eleições em Belarus no ano passado foi reprimido com várias detenções, exílios forçados de opositores e o desmantelamento de muitas ONGs e meios de comunicação independentes.