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Polícia

De Faro (PA) para o PCC: quem era ‘Argentino’, morto em Manaus

Ele iniciou sua trajetória no crime ainda adolescente como integrante da extinta FDN

De Faro (PA) para o PCC: quem era ‘Argentino’, morto em Manaus

Danrlei era natural de Faro, no Pará (Fotos: Alailson Santos/Arquivo/Divulgação)

Manaus (AM)O corpo brutalmente esquartejado, decapitado e incendiado na madrugada deste domingo (22), pertencia a Danrlei Sales de Vasconcelos, de 24 anos, conhecido como “Argentino”. Ele foi executado em um dos crimes mais bárbaros registrados este ano na capital amazonense, em um claro recado da guerra entre facções que domina comunidades inteiras da cidade.

O tronco carbonizado foi encontrado próximo à Escola Municipal Professora Sônia Maria da Silva Barbosa, na rua Monte Sião, no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus. Horas depois, as partes restantes do corpo — cabeça, braços e pernas — foram localizadas por pedestres na avenida Margarita, no bairro Cidade de Deus, Zona Norte. Imagens aterrorizantes da execução e da fogueira com o corpo da vítima viralizaram nas redes sociais.

Pistoleiro e alvo de facção rival

Partes do corpo foram espalhados em bairros de Manaus (Fotos: Divulgação)

Danrlei era natural de Faro, no oeste do Pará, mas fez de Manaus seu território. Iniciou sua trajetória no crime ainda adolescente como integrante da extinta facção Família do Norte (FDN). Com o enfraquecimento da FDN após a prisão de chefes da organização, migrou para o Primeiro Comando da Capital (PCC), onde se tornou pistoleiro a serviço da facção paulista.

De acordo com apurações do Diário Manauara, “Argentino” respondia por pelo menos cinco homicídios e duas tentativas em Manaus. Foi preso pela primeira vez aos 19 anos, em julho de 2019, com armas de grosso calibre. À época, tentou enganar a polícia apresentando identidade falsa.

A polícia o apontava como soldado de confiança de Alan Índio, braço do PCC na capital amazonense, e subordinado à liderança de Felipe Batista Ribeiro, o “Anjinho”, preso em fevereiro deste ano na cidade de Osasco (SP).

Família marcada pela violência

A trajetória criminosa de Danrlei se repete em sua família. Segundo apuração do Diário Manauara, dois de seus irmãos também foram mortos: um em confronto com a polícia em Faro (PA) e outro assassinado por rivais em Manaus. Um terceiro irmão está preso no sistema penitenciário da capital.

A execução de “Argentino”, feita com requintes de crueldade, foi atribuída a membros do Comando Vermelho (CV), facção rival do PCC. A motivação seria retaliação por disputas territoriais e rompimentos internos.

Avanço do crime, omissão do poder público

Crimes com esse nível de brutalidade não são mais exceção em Manaus — são sintomas de uma cidade em colapso. As facções criminosas impõem o terror à luz do dia, gravam execuções como forma de intimidação e desafiam o Estado sem qualquer pudor.

Enquanto isso, o governo do Amazonas segue omisso. A gestão Wilson Lima se mostra anestesiada diante da escalada da violência. Viaturas quebradas, efetivo insuficiente, estruturas sucateadas e nenhuma resposta firme à criminalidade. O foco do governador parece estar nas articulações políticas para 2026, quando deve disputar uma vaga no Senado, e não no combate ao crime que assombra a população.

A cada dia, comunidades inteiras se tornam territórios sem lei. E se o Governo não age, o recado das facções é claro: quem manda nas ruas de Manaus são eles.

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