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Dia mundial de combate à tuberculose: doença endêmica no Brasil mata 4,5 mil por ano

Afeta cerca de 10 milhões de pessoas por ano no mundo, sendo responsável por um milhão de óbitos anualmente

Dia mundial de combate à tuberculose: doença endêmica no Brasil mata 4,5 mil por ano

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, afeta principalmente os pulmões, mas também pode atingir outros órgãos - foto: Freepik

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, a tuberculose é uma doença infecciosa que afeta principalmente os pulmões, mas também pode atingir outros órgãos. Foi descoberta em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, mas seus primeiros registros datam de até 8 mil antes de Cristo (AC). Apesar de histórica, ainda hoje atinge cerca de 10 milhões de pessoas por ano no mundo, sendo responsável por um milhão de óbitos anualmente.
No Brasil, são 70 mil casos anuais e 4,5 mil mortes, sendo grande parte no Amazonas, segundo o Ministério da Saúde (MS). Difundir informações sobre a doença é o principal objetivo do Dia Mundial de Combate à Tuberculose, comemorado neste sábado, 24 de março. “A Amazônia e o Amazonas, especificamente, são regiões endêmicas para tuberculose, com o estado e a capital, Manaus, apresentando as maiores incidências do país. Tuberculose tem muito a ver com a condição de vida, a questão socioeconômica precária e a dificuldade para acessar serviços de saúde. Tudo isso favorece a ocorrência da doença”, informa o infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Marcelo Cordeiro.
Dados referentes a 2022, divulgados pelo Ministério da Saúde no ano passado, revelam que o Amazonas registrou 84,6 casos de tuberculose a cada 100 mil habitantes, a maior proporção entre os estados do Brasil. Manaus também lidera entre as capitais, com 115,8 ocorrências a cada 100 mil habitantes.
A principal maneira de prevenir a tuberculose é a aplicação da vacina BCG (bacilo Calmette- Guérin), que protege contra as formas graves da doença e é indicada para crianças logo após o nascimento. Esse cuidado é mais importante em regiões endêmicas, como na Amazônia.
“A tuberculose pode acometer qualquer órgão do organismo, mas, em 80% dos casos, atinge o pulmão. No caso da tuberculose pulmonar, os principais sintomas são tosse persistente, geralmente por mais de duas semanas. Pode ter febre, suor noturno, perda de peso e dor no peito. Mas se o paciente for criança, em especial, menor de cinco anos, ou imunodeprimido, os sintomas podem ser bastante inespecíficos”, explica
No caso da tuberculose extrapulmonar, ou seja, que afeta outro órgão, o sintoma varia a depender da parte do corpo afetada, segundo o especialista. “A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, pelo ar, a partir de um caso de paciente com tuberculose pulmonar ou de laringe. Outras ocorrências extrapulmonares, como tuberculose renal, não transmitem a doença”, afirma.

Diagnóstico e tratamento
Silenciosa, ou seja, que não apresenta sintomas nos estágios iniciais, é importante reconhecer sinais precoces que podem indicar a existência da condição, permitindo o diagnóstico e tratamento adequados.
Um dos primeiros passos para investigar a tuberculose é procurar atendimento médico, já que o profissional pode auxiliar na busca pelo diagnóstico, desde a análise clínica (verificação de sintomas) até a indicação de exames laboratoriais que podem confirmar a existência da doença. Dois testes comuns são a pesquisa de Bacilo Álcool Ácido Resistente (BAAR), que identifica a doença por meio da análise de amostra orgânica e ajuda no monitoramento durante o tratamento, e o Teste Rápido Molecular (TRM).
“Atualmente, o TRM em amostras de escarro e outros tipos de materiais, é o método mais indicado. Ele identifica rapidamente o DNA da bactéria causadora da tuberculose e detecta se a bactéria é resistente a um dos medicamentos utilizados para tratar a doença”, explica Marcelo Cordeiro.
Outra opção que serve para diagnosticar a tuberculose é o exame de cultura. O teste consiste em realizar um cultivo de amostra orgânica em um processo que permite o crescimento das bactérias. “Apesar de ser um exame muito sensível (logo, mais preciso), é também demorado”, diz o médico. Por último, a radiografia do tórax também é indicada como exame complementar no caso da versão pulmonar da enfermidade.
Conforme o infectologista, o tratamento tem dois objetivos: curar a pessoa acometida e interromper a transmissão. “O tratamento dura, no mínimo, seis meses, e é importante que a pessoa siga até o final. Caso contrário, se a pessoa abandonar, o tratamento pode falhar e a bactéria se tornar resistente aos medicamentos. Quando a tuberculose é resistente, esse tempo de tratamento pode aumentar em até dois anos”, alerta o profissional.

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Com informações da assessoria