Rio de Janeiro – O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz) começou em outubro a fornecer um novo medicamento contra doenças reumatológicas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Chamado golimumabe, o remédio é utilizado por 11 mil pacientes em tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriásica, espondilite anquilosante e espondiloartrite axial não radiográfica.
O início da produção do medicamento em Bio-Manguinhos se deu por uma parceria com a farmacêutica Janssen, detentora da tecnologia do produto, e a Bionovis, formada por uma joint venture entre os laboratórios Aché, EMS, Hypera Pharma e União Química. Esse acordo prevê a transferência total do conhecimento, tecnologia de produção e célula-mestre do golimumabe, que é um medicamento biológico.
Antes de ser fornecido por Bio-Manguinhos, o medicamento era adquirido da Janssen pelo Ministério da Saúde. Com a transferência de tecnologia e a produção na Fiocruz, haverá uma queda gradual do preço, explica o tecnologista em Saúde Pública Hugo Defendi, da Divisão de Novos Negócios do Departamento de Relações com o Mercado de Bio-Manguinhos.
“Um outro ganho indireto é que os concorrentes que também estão ofertando o produto acabam também baixando os preços”, afirma Defendi, que descreve o golimumabe como uma boa opção terapêutica. “Ele tem um bom perfil de risco e benefício, causa poucos eventos adversos, efeitos colaterais, e isso é uma grande vantagem, porque ele tem uma eficácia muito boa”.
Para o tratamento das quatro doenças reumatológicas, Bio-Manguinhos também fornece ao SUS os biofármacos infliximabe e etanercepte. Além disso, o instituto também passou a produzir este ano o medicamento rituximabe, para artrite reumatoide.
Além da maior acessibilidade dos usuários do SUS ao medicamento, Hugo Defendi destaca a importância de incorporar a tecnologia de produção à estrutura pública da Fiocruz
“Bio-Manguinhos vai ter acesso a essa tecnologia, vai poder internalizar isso dentro das nossas fábricas e isso é um grande ganho tecnológico”.
Doenças
As enfermidades para as quais o golimumabe é indicado pelos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde são doenças inflamatórias crônicas.
A artrite reumatoide atinge entre 0,5% e 1% da população mundial e brasileira e é mais frequente em mulheres, na faixa etária de 30 a 50 anos. A inflamação crônica causa dor e edema nas articulações de mãos e pés, além de rigidez matinal, levando a dificuldade de movimentação devido a artrite/sinovite das articulações.
A artrite psoriásica tem uma prevalência de 0,3% a 1% da população mundial, mas esse percentual sobe para 6% a 41% entre as pessoas com psoríase. No Brasil, a prevalência entre as pessoas que tiveram ou têm psoríase chega a 33%. A doença causa acometimento da pele (psoríase), unhas, articulações periféricas, do esqueleto axial, inflamações da ênteses (tecido conjuntivo entre o tendão e osso) e inflamação dos tendões em toda a sua extensão, o que leva a um edema no dedo como um todo.
Já a espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica que acomete preferencialmente a coluna vertebral, podendo causar rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial. O pico da incidência é nos homens dos 20 aos 30 anos, especialmente em portadores do antígeno HLA-B27, o que representa cerca de 60% dos pacientes no Brasil. A doença se manifesta por meio de sintomas como dor lombar inflamatória e sintomas periféricos, como artrite, entesite e dactilite.
Por Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil