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Política

Serafim condena esquema de propina no MEC entre pastores e ministro

Milton Ribeiro, titular da Educação, declarou que verbas foram indicados por dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro

Serafim Corrêa, deputado estadual (PSB), repudiou o esquema de propina em ouro (Foto: Ney Xavier)

Manaus (AM) – O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) repudiou, nesta quarta-feira (23), o esquema de propina para liberação de verbas ligadas à Educação pelo ministro Milton Ribeiro e mais dois pastores, e pediu que os órgãos de controle e fiscalização tomem as devidas providências.

O caso, denunciado pelo jornal O Estado de São Paulo, ainda lista os municípios de Parintins, Autazes, Manacapuru, Canutama e Tapauá como supostos favorecidos em 71 projetos de lei.

“Entendo que o estado brasileiro é laico, e cada vez mais deve ser laico, porque todas as vezes que se mistura religião e política, as coisas dão errado. Nada contra o religioso ser político. Isso é uma coisa. Outra coisa é usar o nome da religião para fazer política. Pior do que isso, usar o nome da religião para fazer coisa errada”, disse Serafim durante discurso na Assembleia do Amazonas.

Ministro da Educação, Milton Ribeiro (Foto: Isac Nóbrega/PR)

De acordo com a denúncia, ao lado do ministro Milton Ribeiro, os pastores evangélicos Gilmar Santos e Anilton Moura intermediavam a liberação das verbas para favorecer duas prefeituras, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante uma reunião no MEC em abril de 2021, em Brasília, fora da agenda oficial do ministro, o pastor Arilton Moura repassou o número da conta-corrente para os prefeitos e solicitou R$ 15 mil antecipados, além de mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

“Imaginem isso. O prefeito sai do interior do Amazonas, vai a Brasília e vai ao encontro do pastor e esse pastor diz: “Deixa comigo, que eu vou resolver. Seu município vai receber dinheiro”. Isso é uma absoluta distorção do estado brasileiro. Isso é uma completa anomalia que só existe no Brasil”.

O líder do PSB na Assembleia do Amazonas disse ainda que o TCU (Tribunal de Contas da União) e o MPF (Ministério Público Federal) devem investigar o caso e punir urgentemente os autores do esquema.

“Entendo que tudo isso tem que ser apurado. Não sou o dono da verdade. Quero entender que os cinco prefeitos do Amazonas arrolados são vítimas. Não são autores de nada. Estavam sendo extorquidos a ir por esse processo absolutamente espúrio e que contraria todas as regras de administração pública. Quero deixar registrado o meu repúdio contra isso. Espero que o TCU e o MPF tenham ação para enquadrar os que são, efetivamente, autores desta “anomalia”, que são o ministro e os dois pastores”, lamentou.

O parlamentar chegou a mencionar a investigação na CPI da Pandemia, no Congresso Nacional, em que o líder da Igreja Batista Ministério da Nova Vista, Amilton Gomes e o policial militar Luiz Paulo Dominguetti tentaram negociar a venda de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca com o Ministério da Saúde.

“Na CPI da Pandemia, no Congresso Nacional, um grupo de três pessoas: um pastor evangélico, um cabo da Polícia Militar de Minas Gerais e mais o presidente de uma ONG iam vender milhares de doses de vacinas. Claro que aquilo não poderia dar certo. Como três pessoas sem nenhuma tradição empresarial, sem atuarem no ramo poderiam fazer isso?”, concluiu.

*Por Diário Manauara e informações da assessoria

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