‘Sereia do Sexo’ é absolvida de acusação por morte de cafetão

Samambaia (DF) – Acusada de atrair um cafetão para uma emboscada que resultou em sua morte, Ana Clara Silva dos Santos, de 22 anos, chamada “Sereia do Sexo”, foi absolvida por júri popular em Samambaia (DF), no último dia 15 de maio.

O Conselho de Sentença considerou que a jovem não teve participação no assassinato de Glaudêncio Santos, de 41 anos, apontado como seu agenciador. Em contrapartida, o ex-namorado dela, Antônio Pereira, de 65 anos, foi condenado a 40 anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver.

Absolvição após denúncia de abuso

Durante o julgamento, Ana Clara relatou que era explorada sexualmente por Antônio desde os 14 anos. Ela afirmou que, ainda adolescente, começou a se prostituir como forma de ajudar a família e tentar se libertar do relacionamento abusivo. A defesa argumentou que sua entrada na prostituição foi motivada pela necessidade de pagar a faculdade e buscar autonomia.

Em meio a esse contexto, Ana Clara conheceu Glaudêncio Santos, que passou a controlar seus programas como cafetão. Segundo depoimento da jovem, ele a forçava a realizar diversos atendimentos diários sem se preocupar com suas condições físicas ou alimentação.

Contexto do crime e operação policial

Glaudêncio foi morto em novembro de 2023. Seu corpo foi encontrado carbonizado em uma área de matagal em Samambaia, no Distrito Federal. Inicialmente, a Polícia Civil do DF, por meio da “Operação Canto da Sereia”, apontou que Ana Clara teria atraído o agenciador para um ritual religioso falso, onde ele foi surpreendido e assassinado por Antônio Pereira, supostamente movido por ciúmes e uma dívida da jovem com a vítima.

A tese da acusação, no entanto, não se sustentou no tribunal. Os jurados acolheram a versão de que Ana Clara era vítima de uma rede de abusos e que não participou da ação criminosa.

Nova vida e tentativa de recomeço

Dois meses após o julgamento, Ana Clara deixou Brasília e passou a viver fora da capital federal. Atualmente, trabalha como concierge em uma clínica de ortopedia e busca reconstruir a própria vida. Em entrevista à coluna Na Mira, do portal Metrópoles, ela disse que, pela primeira vez, sentiu que sua história foi ouvida:

“Sempre estive em estado de sobrevivência, mas nunca imaginei passar por tudo que passei. Fui ouvida e fui absolvida”.