Barreirinha – O corpo de Cibele Amazonas da Silva, de um ano e cinco meses, foi sepultado na manhã desta segunda-feira (21), no Cemitério Municipal de Barreirinha (município distante 331 quilômetros de Manaus).
A cerimônia foi acompanhada com muita comoção por familiares e amigos da criança, estuprada e morta pelo padrasto na comunidade Jabutituba, no rio Andirá. Abraçados, eles choravam por não aceitar o crime e prestaram a última homenagem para a criança.
A criança ainda foi levada pela mãe até o hospital da cidade, onde a equipe confirmou dilaceração na vagina e ânus. Minutos depois, a Cibele morre na unidade hospitalar.
O estupro ocorreu enquanto a mãe estava trabalhando e, ao chegar em casa, percebeu o semblante filha estranho. Todos pediram por justiça.
Este é o segundo crime de estupro de vulnerável ocorrido em comunidades rurais em Barreirinha. No dia 22 de novembro deste ano, a indígena Ana Beatriz, de cinco anos, da etnia Sateré-Mawé, foi agredida, estuprada e enterrada em cova na comunidade Nova Vida.
Três pessoas, entre elas um adolescente de 16 anos, foram detidos pela autoria do crime bárbaro. O novo crime envolvendo criança, causou revolta na população.
Crime e tensão
O autor do crime, que não teve a identidade revelada, foi preso na tarde de domingo (20) na comunidade Terra Preta do Limão, por policiais civis e conduzido sob custódia para uma carceragem da 42ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), a qual já estava cercada por populares.
Revoltados com a barbaridade, manifestantes mais exaltados tentaram invadir a unidade policial para linchar o padrasto. Com pedaços de madeira e pedras, os populares tentaram incendiar o prédio.
Durante o confronto com os policiais civis, cinco pessoas foram baleadas e encaminhadas para o Hospital Coriolano Lindoso Cidade. Otávio Gabriel de Souza Lopes, 20, morreu com um tiro no pescoço.
Já Roniel Viana de Carvalho, 26, faleceu por volta das 5h desta segunda-feira (21), após ser transferido para o Hospital Regional Dr. Jofre Matos Cohen, no município de Parintins (a 369 quilômetros da capital amazonense).
Segundo informações da unidade hospitalar, Roniel tinha um projétil balístico alojado na cabeça. Os corpos das vítimas passaram por exames de necropsia no Instituto Médico Legal (IML) de Parintins.
Outras três pessoas baleadas pelos policiais civis foram atingidas com tiros no rosto e perna. Elas seguem internadas no hospital de Barreirinha com estado clínico estável.
Por outro lado, manifestantes resistiam o confronto. Eles depredaram a unidade policial e incendiaram viaturas policiais. No tumulto, alguns presos aproveitaram para fugir. Já o padrasto e outros detidos foram transferidos às pressas para a 3ª DIP de Parintins.
Para conter os ânimos da população, o 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Parintins enviou nove policiais e cinco do efetivo do município de Boa Vista do Ramos (a 221 quilômetros de Manaus), além da tropa da Força Tática.
Na manhã desta segunda-feira, após uma noite de protesto, as cenas eram de guerra e muita destruição. O Até o momento ninguém foi preso pelo ato. A Polícia Civil irá investigar os culpados pelo dano ao patrimônio.