
“Cogonha’, foi morto quando ia comemorar a morte de um rival em um bar (Foto: Divulgação)
Ramerson Albuquerque de Oliveira, o “Gogonha”, também conhecido como “Orelha G”, 33, foi executado com cinco tiros, na tarde de sábado (4), em plena luz do dia, na Avenida Tarumã, no Bairro Praça 14, na Zona Sul de Manaus. A vítima ainda chegou a ser levado para uma unidade hospitalar da capital.
De acordo com a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), o crime ocorreu por volta das 13h30, em decorrência da disputa pelo comando do tráfico de drogas. ‘Gogonha’ atuava como líder do grupo criminoso denominado ‘Comando da 14’, ligado à facção criminosa Família do Norte (FDN).
‘Gogonha’ estava a caminho de um bar para comemorar a morte de um ‘soldado’ de um traficante rival, quando foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta, próximo a um beco, onde funciona o ‘QG’ do grupo criminoso. Cinco tiros atingiram ‘Gogonha’, sendo na cabeça e no tórax.
Ele ainda foi socorrido e levado para o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Zona Sul, no bairro Colônia Oliveira Machado, mesma zona, mas não resistiu aos ferimentos. Os pistoleiros não foram identificados. O corpo de ‘Gogonha’ foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML).
Morte
Segundo a polícia, a morte que ‘Cogonha’ iria comemorar era do ex-presidiário Diego Pablo da Cunha Garcia, 29, assassinado com três tiros, por volta das 22h de quinta-feira (2), na quadra poliesportiva José do Peso, situado na Rua Itacoatiara, bairro Cachoeirinha, Zona Sul.
Diego estava sentado no banco da quadra assistindo uma partida de futebol, quando três ou quatro homens chegaram ao local em um veículo e fizeram os disparos à queima-roupa. Dois tiros atingiram a cabeça e outro as costas da vítima, que morreu na hora. Os suspeitos fugiram em seguida sem serem identificados.
Para a polícia, a motivação para o crime está relacionada pelo controle do tráfico de drogas na área. Em consulta ao site do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), consta que Diego estava em liberdade após cumprir pena no regime fechado por tráfico de drogas, neste ano.
Disputa
De acordo com as investigações da polícia, o traficante ‘Cogonha’ era o principal líder do grupo ‘Comando da 14’, que disputa o domínio do tráfico de drogas na Zona Sul da capital. Ainda segundo a polícia, ‘Cogonha’ passou a comandar o tráfico desde as mortes dos traficantes Luis Alberto Coelho, o ‘Bebeto da Praça 14’, Alessandro Silva Coelho, 28, o ‘Bebetinho da 14’, e de Flávio Augusto Coelho de Souza, o ‘Flavinho da 14’, 29.
A morte de ‘Bebetinho da 14’ é cercada de mistérios e histórias que até o momento as investigações não conseguiram esclarecer. Ele foi executado com 20 tiros, dentro do carro em que estava, na Avenida Belmiro Vianez, bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste.
Alessandro estava na companhia da namorada e de um rapaz, identificado apenas como ‘Marcelo’. Antes de ligar o carro importado modelo Mercedes Benz, CLK 320, cor prata, placa JXP-7000, que estava estacionado próximo ao barracão da Escola de Samba Sem Compromisso, ele foi surpreendido a tiros por cinco homens que estavam num carro Honda Civic, de placa não identificada. O crime ocorreu em julho de 2008, logo após ele sair de um show no Sambódromo.
Na época, o pai do rapaz, Luiz Alberto Gomes Coelho, o ‘Bebeto da Praça 14’, que participava do grupo de compositores da Escola de Samba Vitória-Régia estava de férias, no Rio de Janeiro, e voltou para o velório do filho.
Em fevereiro 2009, o traficante ‘Bebeto da Praça 14’ que por muitos anos comandou o tráfico naquele bairro e considerado um dos maiores chefões do tráfico de drogas de Manaus, foi executado com sete tiros de pistola de PT. 40 (arma de uso exclusivo da polícia), dentro da própria casa localizada no Beco Barcelos, número 16, bairro Praça 14 de Janeiro, Zona Sul, na noite de domingo (15).
O crime ocorreu por volta das 21h20, perto do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), após os assassinos aproveitarem o descuido de um dos seguranças, que deixou a porta. No inquérito policial, a morte de ‘Bebeto da Praça 14’ foi atribuída por ‘Gregório’ e Alan Castimário, o ‘Nanico’, que receberam ordens de ‘Alan Guga’.
Vinte e um meses depois, o sobrinho de ‘Bebeto da 14’, Flávio Augusto Coelho de Souza, conhecido como ‘Flavinho da 14’, 29, foi executado com seis tiros, dentro do carro que dirigia, modelo Jetta, cor prata, placa NOL-4234, após ser surpreendido por dois homens não identificados, em uma motocicleta modelo Twister vermelha, placa não reconhecida. O crime ocorreu por volta das 10h do dia 4 de novembro de 2010, na Rua General Glicério, bairro Cachoeirinha, Zona Sul.
Para a polícia, ‘Cogonha’ era um traficante independente de facções criminosas, mas acabou aceitando fazer parte da FDN e devido o racha da facção no início deste ano, entre Gerson Carnaúba, o ‘Mano G’, e João Pinto Carioca, o ‘João Branco’, ambos presos em presídios federais pela Polícia Federal (PF), o ‘Comando da 14’ optou por ficar do lado de ‘Mano G’.
Depoimentos
De acordo com a polícia, os depoimentos considerados sigilosos, mas disponibilizados em processos abertos no site do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), as execuções de traficantes e assaltantes em Manaus são decididas em reuniões dos ‘chefões do tráfico de droga’, onde é traçada a área de atuação de cada um deles e quem são os desafetos que devem morrer.