O jornalista e apresentador Marcelo Luiz Rezende Fernandes, 65, morreu na tarde deste sábado (16). Ele estava internado desde o dia 12 de setembro no Hospital Moriah, no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, onde perdeu a batalha de quatro meses contra o câncer. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital e noticiada no ‘Cidade Alerta’, programa que ele apresentou durante seis anos, na Record.
De acordo com a nota divulgada pelo hospital, o jornalista morreu por volta das 17h45 (horário de Brasília), após apresentar falência múltipla dos órgãos. O jornalista Marcelo Rezende deixa cinco filhos, entre 15 e 40 anos, de cinco relacionamentos diferentes, e duas netas, além da namorada, a também jornalista Luciana Lacerda. O velório acontecerá na Assembleia Legislativa de São Paulo, a partir das 10h de domingo (17).
Com 49 anos de carreira, o mais célebre bordão de Marcelo Rezende ‘corta pra mim’, que nasceu por acaso, inspirado em um diretor irritado de outra emissora e, que virou título do livro do jornalista, lançado em 2013, com reportagens investigativas não era o único. Outras expressões como ‘põe na tela’, ‘sururu na casa da Noca’, ‘põe exclusivo, minha filha’e ‘sapeca iaiá’, memes, paródias, apelidos, imitações, entre outras, também popularizaram ao longo das duas passagens que teve à frente do programa ‘Cidade Alerta’.
A primeira passagem foi rápida, de 2004 a 2005. Já a segunda passagem, de 2012 até inícios 2017 o consagrou nacionalmente nas tardes de segunda a sexta-feira. A atração, às vezes com transmissão ao vivo, conquistava bons índices de audiência expondo pelo programa os crimes violentos e denúncias de maus serviços em todo o Brasil.
Com doses de sensacionalismo, entretenimento e crítica social, sempre com apelo junto ao público, Marcelo Rezende se tornou um dos expoentes de uma vertente bastante peculiar do telejornalismo brasileiro, juntamente com o seu rival José Datena, do programa ‘Brasil Urgente’ da Band.
No ‘Cidade Alerta’, Rezende conseguiu levar humor, por meio das brincadeiras com o comentarista policial Percival de Souza e os repórteres Luiz Bacci e Fabíola Gadelha, apelidada carinhosamente pelo apresentador de ‘Rabo de Arraia’.
Trajetória
Nascido no dia 12 de novembro de 1951, no Rio de Janeiro, Marcelo Luiz Rezende Fernandes, não queria sabe de estudar na adolescência. Aos 17 anos foi matriculado em um curso técnico de mecânica, quando conheceu o extinto ‘Jornal dos Sports’, através de seu primo, Merival Júlio Lopes, que trabalhava na publicação. Na época, ele ajudou um jornalista a datilografar, sem saber que ele era o editor-chefe, e ganhou a oferta de emprego em regime de estágio para atuar como repórter.
Durante a cobertura esportiva, Marcelo Rezende migrou para a rádio Globo e depois foi para o Jornal O Globo, onde trabalhou como redator ao lado dos novelistas Aguinaldo Silva e Gilberto Braga. Em 1979, foi contratado pela revista Placar. Como representante da publicação, participou da histórica entrevista de Ayrton Senna ao programa ‘Roda Viva’, da Cultura.
Em 1987, Marcelo Rezende chegou à TV Globo, como repórter e editor do ‘Globo Esporte’. Na emissora, trabalhou em campeonatos regionais e nacionais, além da copa América de 1989, sediada no Brasil e vencida pela seleção liderada por Romário. Transferido para a editoria geral, participou de coberturas como a do Rock in Rio, de 1991, e do funeral de Ayrton Senna, em 1994.
Nos anos 90, Rezende destacou-se como repórter investigativo e conquistou notoriedade com o caso da Favela Naval, exibido no ‘Jornal Nacional’ de 31 de março de 1997, em que dez policiais foram registrados por um cinegrafista amador torturando e atirando em pessoas no bairro Diadema, na Grande São Paulo.
Em 1999, o jornalista ganhou seu próprio programa, dessa vez em horário nobre. O ‘Linha Direta’, dramatizava crimes notórios carregando suspenses. Apesar de criticada por espetacularizar a violência, a atração foi um sucesso e divisor de águas na carreira de Rezende.
Em 2002, Rezende deixo a Rede Globo, passando, entre idas e vindas, por Band, Rede TV, o qual foi âncora do telejornal ‘Rede TV News e Record. Nesta última, Marcelo Rezende se firmou como uma das personalidades mais conhecidas da televisão brasileira. Em seu programa, sem papas na língua, Rezende era a favor da pena de morte para bandidos violentos e da redução da maioridade penal. Além da suas preferências políticas, o jornalista era contra a reforma previdenciária proposta pelo governo Michel Temer.
Doença
No começo de 2017, depois de ser diagnosticado com um câncer avançado no pâncreas e no fígado, Rezende tornou pública sua doença no programa ‘Domingo Espetacular’ da Record. A longa entrevista teve enorme repercussão. Em maio, afastou-se do ‘Cidade Alerta’ e passou a atualizar frequentemente sua página no Facebook, com vídeos onde contava detalhes de seu tratamento médico.