O governo do Amazonas vai alugar um contêiner frigorífico para guardar os corpos dos presos assassinados durante a rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, porque o Instituto Médico Legal (IML) da capital amazonense não tem capacidade para receber todos os mortos. Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Sérgio Fontes, pelo menos 60 detentos foram mortos no motim que começou na tarde desse domingo (1º) e chegou ao fim esta manhã, após mais de 17 horas.
O contêiner permitirá que os corpos sejam guardados em condições apropriadas até a conclusão dos exames que identificarão as vítimas e as causas das mortes.
“Vamos alugar um contêiner frigorífico e nos empenharmos para que as necrópsias possam ser feitas o mais rápido possível a fim de produzir provas para o inquérito policial que já foi instaurado”, disse Fontes durante entrevista em que confirmou que alguns dos mortos foram decapitados ou esquartejados.
Assim que a rebelião chegou ao fim e os primeiros corpos começaram a ser retirados do Compaj, parentes de presos foram ao IML em busca de informações. Os portões do instituto foram fechados para limitar o acesso a funcionários e policiais e um grande número de pessoas aguarda na rua.
O total de mortes informado pelo secretário de Segurança Pública contraria as informações preliminares da Polícia Militar (PM), que chegou a divulgar à imprensa local que pelo menos 80 presos foram mortos. Apesar da divergência entre os números, a rebelião no Compaj já é o segundo episódio mais sangrento da história do sistema prisional brasileiro, atrás apenas do Massacre do Carandiru, em 1992, em que 111 detentos foram mortos pela polícia.
Guerra de facções
Ainda de acordo com Fontes, o banho de sangue deste início de ano é resultado da rivalidade entre duas organizações criminosas que disputam o controle de atividades ilícitas na Região Amazônica: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Aliada ao Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, a FDN domina o tráfico de drogas e o interior das unidades prisionais do Amazonas. Desde o segundo semestre de 2015, líderes da facção criminosa amazonense vêm sendo apontados como os principais suspeitos pela morte de integrantes do PCC, grupo que surgiu em São Paulo, mas já está presente em quase todas as unidades da federação.
Fonte: Agência Brasil