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País

Ações solidárias priorizaram distribuição de alimentos em favelas

Boletim levantou informações sobre iniciativas no Rio de Janeiro

Vista geral da favela Morro Azul, na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo

Rio de Janeiro – Um estudo do Observatório de Favelas revela que a grande maioria das ações solidárias criadas no Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19 tiveram como objetivo garantir a segurança alimentar dos moradores das favelas. Os dados estão no 11º Boletim Mapa Social do Corona, que levantou informações sobre 140 iniciativas da sociedade civil e das camadas populares da cidade.

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Segundo o diretor do Observatório de Favelas, Aruan Braga, um dos integrantes do eixo de Políticas Urbanas da organização, núcleo responsável pelo boletim, as iniciativas mostraram que a favela é uma referência nas ações de solidariedade, pois 80% das ações mapeadas tiveram origem nos próprios territórios.

“Dentro dessas 140 que a gente mapeou, tem diferentes organizações e formatos de atuação. Tem instituições universitárias, de centros de pesquisa. Porém, mais de 80% dessas mapeadas são oriundas de favelas e periferias, de organizações locais, de lideranças do território, de coletivos antigos ou novos que surgiram para dar conta de responder a esse desafio que a gente tem vivido nesse momento da pandemia”.

Das 140 ações mapeadas, 113 trabalham com a distribuição de alimentos, de forma exclusiva ou complementar, confirmando ser este o principal problema a ser combatido em tempos de pandemia.

“[Esse é um dado que] colocou em exposição a vulnerabilidade nas condições de alimentação dessa população, objetivamente. As principais ações de resposta à pandemia não foram necessariamente ações de orientação ou de saúde, mas teve como foco principal o enfrentamento à insegurança alimentar”, disse.

Do total de ações, 88 trabalham com higiene pessoal e limpeza, como distribuição de sabão, álcool em gel e até mesmo o acesso à água tratada; 45 incluíram comunicação virtual; 21 comunicação offline; dez fizeram pesquisa; e oito fizeram distribuição de renda direta. Cada ação pode envolver mais de um tipo de iniciativa.

Diminuição

Os dados foram coletados a partir de novembro e indicam uma diminuição nas doações para as ações nos territórios com relação aos primeiros meses da pandemia, fazendo com que algumas iniciativas fossem obrigadas a encerrar as atividades. Braga alerta que as ações solidárias chegaram em seu limite de atuação, mas é fundamental que sejam ampliadas nos próximos meses para assegurar a alimentação das pessoas mais necessitadas.

“Essas organizações foram centrais e indicam para onde devem seguir as ações públicas e privadas de enfrentamento à pandemia nesses territórios populares. São indicações para nós, enquanto sociedade, e para o poder público, como ator principal que precisa assumir o seu protagonismo no enfrentamento à pandemia, mas que não foi o que a gente conseguiu identificar nesse período”.

Os boletins do Mapa Social do Corona começaram a ser produzidos em abril e abordaram elementos estruturais da desigualdade no Rio de Janeiro, como a mobilidade urbana, as condições de habitação nos territórios populares, questões de gênero e de raça, analisados à luz da pandemia. Também foram produzidas edições apontando caminhos possíveis para ações de enfrentamento da pandemia.

Todas as edições estão disponíveis no site do Observatório de Favelas.

Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil