A variante delta da covid-19 está presente em mais de 111 países no momento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em sessão virtual da entidade, a líder técnica da resposta à pandemia, Maria Van Kerkhove, ressaltou que esse número pode ser ainda maior, dada a limitação de fazer o sequenciamento do vírus em alguns países. “Estamos buscando entender por que a variante delta é mais transmissível”, disse Kerkhove. O objetivo, segundo ela, é reunir todas as informações sobre a cepa e estudar se precisarão ser feitas mudanças nas orientações da OMS.
Em dois países, dados sugerem maior risco de hospitalização provocada pela variante delta, segundo Kerkhove. “Não vimos, porém, isso se traduzir em maior gravidade nos casos, nem em mais mortes”. A especialista também informou que a cepa lambda, identificada pela primeira vez no Peru, circula em mais de 30 países e continua listada como variante de interesse.
“A variante delta está em um cenário no qual nem todos têm acesso à vacina, no qual há o aumento da mobilidade de pessoas, com aglomerações, e retirada de medidas de restrição, é uma loteria mortal que estamos jogando”, disse a líder. “Essa não é a última variante de preocupação da qual falaremos. Não dizemos isso para assustar as pessoas, mas porque há muito que podemos fazer.”
Américas
Na última semana, as Américas relataram mais de 1 milhão de casos positivos de covid-19 e mais de 22 mil mortes. O número representa 25% dos casos e cerca de 40% das mortes de todo o mundo. A informação também foi dada por Maria Van Kerkhove. Ao redor do globo, no mesmo período, o aumento foi de 11,5% nos casos de covid-19 e 1% nas mortes, de acordo com a OMS. Na Europa, onde a variante delta tem sido uma preocupação, os casos subiram 21%.
Kerkhove pontuou que, no Brasil, foram quase 300 mil casos reportados na semana passada. “Todos os países na América do Sul passam por uma situação muito difícil e nem todos têm as ferramentas para lidar com a situação”, disse.
O diretor executivo da OMS, Michael Ryan, observou que, devido à baixa taxa de vacinação na região, o número de casos do coronavírus impactam imediatamente no número de hospitalizações o número de mortes. “As Américas do Sul e Central precisam de mais vacinas para quebrar o ciclo de alta nos casos resultarem em alta de hospitalizações e mortes”, alertou.