Bruno Henrique é suspeito de manipular cartão em jogo do Brasileirão 2023 (Foto: Josemar Antunes)
A Justiça do Distrito Federal rejeitou o pedido de familiares do jogador Bruno Henrique, do Flamengo, para decretar sigilo nas investigações sobre um suposto esquema de manipulação de apostas esportivas. O atacante é suspeito de ter forçado um cartão amarelo durante partida contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, com o objetivo de favorecer apostadores.
Na decisão mais recente, o juiz Fernando Brandini Barbagalo autorizou que as provas já colhidas pela Polícia Federal sejam compartilhadas com o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que pode abrir um novo inquérito desportivo contra o atleta. A Justiça também manteve o aval para que essas informações sejam encaminhadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, em curso no Senado.
Outra determinação da Justiça obriga a empresa Blaze, plataforma de apostas mencionada nas investigações, a entregar dados sobre quatro dos investigados. A operadora ainda não havia colaborado com os pedidos da PF, mesmo após aparecer em diálogos extraídos dos celulares dos envolvidos.
Apesar do indiciamento, Bruno Henrique segue integrando o elenco do Flamengo. Ele deve ser titular na partida desta quinta-feira (2), contra o Botafogo-PB, pela Copa do Brasil. O jogador nega envolvimento com o esquema e afirma não ter atuado de forma proposital para beneficiar apostas.
O que diz a investigação
Bruno Henrique em ação pelo Flamengo (Foto: Josemar Antunes)
Bruno Henrique foi indiciado ao lado de outras nove pessoas, incluindo seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, acusado de liderar parte do esquema com familiares e amigos próximos. A esposa de Wander e uma prima do jogador também estão entre os suspeitos.
Todos respondem por estelionato. Bruno Henrique e o irmão também foram enquadrados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata de fraudes esportivas, com pena prevista de até seis anos de prisão.
As investigações começaram após casas de apostas identificarem um volume atípico de apostas no cartão amarelo que o atacante recebeu contra o Santos, na 31ª rodada do Brasileirão. Em uma das operadoras, 98% das apostas em cartões da partida tinham Bruno Henrique como alvo. Ele foi advertido nos acréscimos da partida após falta em Soteldo, quando o Flamengo já estava em desvantagem no placar.
Em mensagens interceptadas pela PF, o irmão de Bruno Henrique pergunta diretamente quando o jogador receberia o cartão. O atacante responde: “Contra o Santos”.
O relatório final da Polícia Federal será agora analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá se apresenta denúncia formal à Justiça.
