A Fifa descarta realizar uma reunião neste mês com a CBF para acertar a liberação de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 330 milhões) prometidos para o Brasil durante a Copa do Mundo de 2014. Antes, a entidade mundial do futebol quer desenvolver mecanismos de controle e ter garantias sobre como o dinheiro será gasto. Os dirigentes da Fifa estão desenhando uma nova estrutura de repasses, um novo contrato e condicionalidades que a confederação brasileira terá de cumprir envolvendo auditoria e gestão antes de receber o dinheiro.
Criado há três anos, o fundo já deveria ter sido transferido para a CBF que, por sua vez, realizaria repasses para programas de desenvolvimento do esporte em Estados que não receberam jogos da Copa do Mundo de 2014.
Mas, com o indiciamento nos Estados Unidos do presidente da CBF, Marco Polo del Nero, os advogados da Fifa instruíram a entidade a evitar qualquer pagamento a pessoas ainda sob investigação pelo FBI.
O Estado apurou que a CBF estaria disposta a abrir mão de que Del Nero tenha qualquer envolvimento na gestão do dinheiro e que os recursos possam ir diretamente aos programas, sem passar pela cúpula da entidade no Brasil.
A direção da CBF esperava realizar um encontro com a Fifa para discutir essa possibilidade ainda em julho. Mas, por conta do trabalho que ainda será exigido para rever as regras de repasse, além das férias de verão na Europa, a reunião deve ficar para o final de agosto ou só mesmo setembro.
Em um comunicado, a entidade não deu sinais de que vai enterrar o projeto e chega a dizer que “continua a trabalhar com a CBF de forma muito estreita”. Mas deixa claro que, antes alguns processos terão de ser revistos.
“Com relação ao fundo do legado, a Fifa e a CBF vem mantendo diversas reuniões para discutir e trabalhar em opções e soluções para implementar o programa da forma mais efetiva e em linha com as novas políticas de desenvolvimento da Fifa, processos e regras, o que também contempla todos os mecanismos de coordenação e monitoramento necessários para garantir que o futebol no Brasil possa se expandir da forma correta”, explicou a entidade.
“Estamos agora trabalhando para a melhoria dos processos, instrumentos de controles, atividades e alguns assuntos técnicos e regras que não atendiam as necessidades reais e atuais que enfrentam o desenvolvimento do futebol em todo o mundo”, acrescentou a Fifa. “Confiamos que, depois de fazer esse trabalho, possamos discutir formas com a CBF para reiniciar na implementação do resto do programa, já que algumas iniciativas já foram implementadas no passado”, completou.
Para a Fifa, o dinheiro não deve beneficiar apenas jogadores, mas toda a sociedade brasileira. “Assim, a Fifa ainda está comprometida em cumprir tal programa de tanta importância e trabalhar com a CBF para atingir todos os objetivos relevantes”, afirmou.
Fonte: Estadão Conteúdo