Temida por muitos candidatos, a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi elogiada por boa parte dos estudantes ouvidos pela reportagem da Agência Brasil na saída da prova, neste domingo (6). O tema foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, seguindo uma tendência de anos anteriores em abordar temas sociais e ligados aos direitos humanos.
Em Porto Alegre, Rodineli Lucas Machado, 38 anos, fez o Enem pela terceira vez para tentar uma vaga no curso de enfermagem. “A redação foi tranquila, com um tema muito bem abordado, muito fácil de desenvolver. É uma questão global: temos exemplos de antigamente na época da inquisição, temos hoje as religiões ligadas ao Estado Islâmico, e com tantas outras espalhadas pelo mundo, natural que tenha sido esse o tema”, avalia. De forma geral, ele achou o exame deste ano mais fácil do que os anteriores.
Fabiana Nascimento, 36 anos, candidata do Rio de Janeiro, considerou o tema da redação muito polêmico, mas “ótimo”. “Porque quando fala de religião, a gente mexe com o todo. Cada um tem a sua, a gente tem que respeitar. Gostei do tema, mas acredito que tem gente que não tenha gostado, que nunca tenha ouvido falar desse tipo de preconceito sobre religião e o que ele pode causar”. Para ela, os dois textos de apoio apresentados para instruir os candidatos ajudaram bastante quem não conhecia o assunto.
O carioca Gabriel Nunes, 21 anos, que quer estudar filosofia, disse que se saiu bem na redação porque gosta muito do assunto. “Eu acho que fui muito bem, consegui fazer a introdução, conclusão, argumentei bem. Eu sou ateu, mas estudo bastante e no futuro quero me formar em história das religiões porque acho que a religião tem um papel fundamental na nossa sociedade, que a gente não vê”, disse.
Cansaço
No segundo dia de provas do Enem, os candidatos tiveram que responder a 180 questões de matemática e linguagens, além da redação. Ontem (5), no primeiro dia de provas, foram 180 itens de ciências humanas e da natureza.
Clara Castro, 16 anos, fez o Enem como treino e enfrentou mais dificuldade nas provas de ontem, de ciências da natureza. “Tinha algumas coisas que estavam bem complicadas. Tinha que ler duas, três, 4 mil vezes para você conseguir entender o que a questão queria”, conta a candidata do Rio de Janeiro.
Os textos e enunciados longos da prova, que já são uma característica do exame, cansaram alguns candidatos. Lucas Mendes, 21 anos, de Porto Alegre, achou a prova de hoje mais difícil justamente pela quantidade de textos longos. “A prova estava pesada hoje. Mais cansativa, porque tinha mais textos, especialmente em literatura, o que pesou bastante”, acredita. Candidato a uma vaga em psicologia, ele elogiou o tema da redação, que na avaliação dele fugiu do óbvio”. Os professores esperavam assuntos ligados à política e à corrupção, por causa da operação Lava Jato”.
Em Fortaleza, Allana Maciel, 17 anos, disse que os “textos enormes” nos itens de linguagens prejudicaram um pouco o rendimento em matemática. “De Matemática eu gosto, mas não sei se fui muito bem, se estava qualificada. Como havia textos enormes na parte de linguagens, isso acabou cansando a minha mente e, quando chegou em matemática, eu não estava mais com saco para nada. Confesso que algumas questões eu chutei”, conta. Sobre o tema da redação, ela disse que ele foi trabalhado por sua professora em sala de aula às vésperas do exame. “Foi ótimo o tema. Amanhã ela vai fazer uma festa! A prova de linguagens estava perfeita. Foram as duas partes que mais me cativaram”, diz.
Gabriel Nunes, que fez seu primeiro Enem neste ano, também achou a prova cansativa. “Quando você chega na metade da prova, já está cansado de ler, já não consegue ler de maneira focada todas as coisas, acaba pulando uma coisa ou outra e deixa escapar. É preciso muita concentração, muito foco, paciência”, ponderou.
Aluna do Colégio Estadual André Maurois, zona sul do Rio, Ana Carolina Cassiano achou a prova bem difícil. “As questões estavam bem avançadas e, como eu estudo em escola pública, fiquei super perdida. Eu achava que o ensino da escola pública era bom, mas quando eu cheguei no Enem, vi que era o contrário”. Ela quer cursar psicologia.
Fonte: Agência Brasil