O fechamento de 63,6 mil empregos formais em março está dentro das expectativas, disse nesta quinta-feira (20) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo ele, o corte de empregos com carteira assinada reflete a defasagem do mercado de trabalho, que se recupera alguns meses depois de a produção voltar a crescer.
De acordo com Meirelles, o emprego voltará a reagir e crescer de forma consistente no segundo semestre. Ele ressaltou que, no início deste ano, o país ainda conviverá com os efeitos da recessão que fez a economia contrair-se quase 8% nos últimos dois anos.
“O processo de reversão [da recessão econômica] tem certa defasagem no que diz respeito à criação de empregos. Então esse número é esperável porque, segundo a nossa expectativa, no meio do ano, no início do segundo semestre, teremos uma estabilização e o início de um fluxo mais estável de criação de empregos. É um processo normal de defasagem da contração econômica muito forte que o Brasil teve”, disse o ministro em áudio publicado na página oficial do Ministério da Fazenda.
Meirelles está em Washington, onde participa até sábado (22) da reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Segundo o ministro, indicadores como o IBC-Br, espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) divulgada do Banco Central, mostram que a economia está começando a se recuperar.
“Temos um processo de crescimento, segundo o IBC-Br, até mais forte do que se previa. O indicador mostrou crescimento de 0,6% em janeiro sobre o mês anterior e de 1,3% em fevereiro. É um número muito forte porque é um número mensal dessazonalizado [que desconsidera oscilações típicas da época do ano], indicando uma retomada”, acrescentou o ministro.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, o país tinha registrado, em fevereiro, a criação de 35,6 mil postos formais de trabalho, o primeiro saldo positivo em 22 meses. A reversão do desempenho do mercado de trabalho em março, de acordo com Meirelles, indica que os dados sobre a atividade econômica devem apresentar uma acomodação neste mês.
PIB
O ministro, no entanto, ressaltou que é preciso esperar o IBC-Br de março e a divulgação do PIB do primeiro trimestre para analisar melhor o quadro econômico. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o PIB dos três primeiros meses deste ano somente em junho.
Meirelles manteve a previsão oficial de crescimento de 0,5% do PIB para este ano. Na comparação entre o quarto trimestre de 2017 em relação ao último trimestre de 2016, o ministro também manteve a estimativa de expansão de 2,7%. Ele voltou a explicar que os dados do ano cheio apresentam crescimento mais baixo porque carregam a recessão dos anos anteriores.
“Os indicadores estão dentro do previsto e mantemos nossa previsão do crescimento para 2017, dentro da expectativa de que a retomada é lenta em virtude do nível profundo da recessão e do alto nível de endividamento das empresas e das famílias que está sendo recuperado lentamente. Esperamos chegar ao final do ano crescendo a uma taxa forte”, comentou Meirelles.
Fonte: Agência Brasil