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Economia

Lula abre possibilidade de diálogo com Trump para evitar tarifas

Conversa direta com os Estados Unidos

Lula abre possibilidade de diálogo com Trump para evitar tarifas

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (29) que está aberto a dialogar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para buscar um acordo que evite a imposição de tarifas entre os dois países. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa em Hanói, no Vietnã, às vésperas da entrada em vigor das novas tarifas norte-americanas, prevista para o próximo dia 2 de abril.

“Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump eu não terei nenhum problema de ligar para ele”, disse Lula. “Na hora que ele achar que tem interesse em conversar comigo, eu espero que ele não tenha problema de me ligar. Não é porque temos divergências ideológicas que dois presidentes não podem conversar”, completou.

Brasil busca solução diplomática

Lula reiterou que o Brasil pretende recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros, mas também estuda a aplicação de tarifas recíprocas. No entanto, o presidente enfatizou que a prioridade é a negociação diplomática.

“Antes de partir para medidas de reciprocidade ou de recorrer à OMC, queremos esgotar todas as possibilidades de diálogo para garantir um livre comércio com os EUA”, afirmou Lula.

O presidente também destacou os encontros recentes entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, com autoridades comerciais norte-americanas.

Novas tarifas norte-americanas impacta indústria brasileira

Trump anunciou a imposição de uma taxa de 25% sobre todos os automóveis fabricados fora dos Estados Unidos, medida que entra em vigor em 2 de abril. Além disso, desde 12 de março, as exportações brasileiras de aço e alumínio também passaram a ser taxadas em 25%.

Lula criticou a decisão unilateral dos EUA e alertou para possíveis impactos globais.

“Os EUA precisam entender que não estão sozinhos no planeta. Se tomam atitudes unilaterais, isso pode não ser bom para eles”, afirmou.

Acordos comerciais e investimentos com o Vietnã

Durante sua visita oficial ao Vietnã, Lula anunciou a abertura do mercado vietnamita para a carne brasileira, avanços nas negociações para a participação do Vietnã na Cúpula dos BRICS e um acordo de aviação entre os dois países.

O ministro Mauro Vieira reforçou a meta de atingir um comércio bilateral de US$ 15 bilhões até 2030, com base no fluxo de mais de US$ 7 bilhões registrado em 2024.

Embraer e JBS ampliam presença na Ásia

Lula também destacou o interesse do Vietnã na aquisição de aeronaves da Embraer.

“Estamos discutindo a possibilidade de vender até 50 aviões para o mercado vietnamita”, afirmou o presidente. Segundo informações da Reuters, a Embraer negocia a venda de dez jatos E190 para a Vietnam Airlines.

Além disso, Lula confirmou um acordo envolvendo a processadora de alimentos JBS. A empresa está estudando a construção de uma fábrica de processamento de carne no norte do Vietnã, um projeto avaliado em US$ 100 milhões.

Lula retorna ao Brasil neste domingo (30) com avanços significativos nas relações comerciais com o Vietnã e disposto a dialogar com os EUA para evitar prejuízos ao comércio brasileiro. As próximas semanas serão decisivas para definir os rumos da relação econômica entre Brasil e Estados Unidos.

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