Manaus (AM) – Para além das notícias policiais, para dentro das telas. É assim que o projeto Cine Bodó, propõe formação e produção de cinema dentro das periferias de Manaus. Em sua 5ª edição, a iniciativa já atingiu mais de 300 jovens e adolescentes, passou por mais de 16 comunidades, e produziu mais de 20 curtas-metragens. Em 2021 o Cine Bodó chega às Comunidades João Paulo, Quilombo Urbano de São Benedito e Monte das Oliveiras, levando oficinas de capacitação audiovisual gratuita, com o intuito de produzir, difundir, idealizar, escoar e incentivar projetos culturais ligados às linguagens artísticas e audiovisual.
Com um ajuste no formato, devido às recomendações dos órgãos de saúde, as atividades desta vez, serão realizadas de forma híbrida, onde, as oficinas de audiovisual, vão ocorrer de duas formas, remotamente, através do Whatsapp e GoogleMeet, a fim de evitar aglomerações e, presencialmente, em cada comunidade.
“A gente compreende que a alfabetização do audiovisual, nesse ano de 2020, foi essencial no processo de comunicação a distância. Assim, buscando a segurança dos participantes, o projeto restringe-se em oferecer as oficinas para até 10 jovens por comunidade, o processo de formação ocorrerá através de videoaulas que vão chegar a esses alunos, através de aplicativos e plataformas fáceis e simples, e que permita que o participante tenha acesso aos conteúdos sem dificuldades”, explica Keila Serruya Sankofa, diretora de produção.
Ainda conforme Sankofa, o segundo momento que ocorre de forma presencial será realizado com o intuito de praticar os assuntos debatidos por meio das videoaulas.
“Nós vamos até a comunidade para pôr vivenciar o que aprendemos, por isso nossa organização se atentou a redução de participantes e também de equipe de produção. Perdemos momentos especiais de interação e diálogo, como almoços com toda a turma, mas, estamos atentos à saúde de todos, assim como entendemos a importância de continuar a se movimentar com formação, dentro dos bairros de Manaus, de acordo com a realidade dos participantes ”, reitera Sankofa.
Exibição – Em 2021, a tradicional exibição dos curtas produzidos pelos alunos, teve de ser suprimida, devido às recomendações dos órgãos de saúde, porém os curtas-metragens serão disponibilizados aos alunos e ao público em geral através do youtube do grupo Picolé da Massa.
Programação
Após a realização das videoaulas, o projeto Soul do Monte, localizado no bairro Monte das Oliveiras, na zona Norte de Manaus, será a primeira comunidade a receber as oficinas presenciais da iniciativa, que ocorre nos dias 14, 16 e 17 de Abril.
De acordo com Rojefferson Moraes, agitador cultural e mobilizador no bairro Monte das Oliveiras, o Cine Bodó na comunidade possibilita a movimentação da juventude.
“A execução do projeto Cine Bodó no Monte das Oliveiras é uma oportunidade para crianças e jovens explorarem suas habilidades analíticas a respeito do território onde vivem, os problemas sociais como a violência generalizada, a ausência de políticas públicas que os beneficiem, a fome, problemas de saúde, entre outros, são evidenciados em suas produções, como resultado das oficinas de cinema. Além disso, é a oportunidade deles se colocarem em primeiro plano, como atores sociais ativos, capazes, e com senso crítico apurado”, explica.
Símbolo histórico de resistência, local que carrega ancestralidade, o segundo bairro a receber as oficinas, é o Quilombo de São Benedito, localizado na Praça 14 de Janeiro, nos dias 21,22 e 23 de abril.
Ao final do mês de abril e início de maio, o bairro João Paulo, na zona Leste de Manaus, é o terceiro a receber as ações do projeto. A atividade acontece nos dias 28 e 30 de abril e, 01 de maio.
Cine Bodó
O projeto Cine Bodó, é uma ação que pensa audiovisual como ferramenta de cidadania, utilizando a proposta de novos pensamentos e visões sobre comportamento. É feito por mulheres que trabalham com o audiovisual, e tem a concepção de Keila Serruya Sankofa, e da diretora de cinema Dheik Praia. Este ano, tem ainda a produção de Ana Carolina.
“A dinâmica realizada com as oficinas de forma híbrida, são específicas para cada comunidade, pois, a gente entende a realidade em que muitos jovens não têm acesso a internet, por isso, vamos estabelecer uma relação de diálogo com os pais dos alunos, para que estes jovens consigam através dos celulares dos pais ter acesso as oficinas. A ideia é nos adaptar a disponibilidade de recursos e ferramentas das famílias envolvidas no projeto”, conclui Dheik Praia.
*Com informações da assessoria