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Cultura

‘A paixão segundo Adélia Prado’ é atração no Teatro Amazonas, em Manaus

Sob a direção de Geovana, a montagem revela uma Adélia que muitas vezes não se mostra logo à primeira olhada - foto: divulgação/SEC

Sob a direção de Geovana, a montagem revela uma Adélia que muitas vezes não se mostra logo à primeira olhada – foto: divulgação/SEC

O espetáculo ‘A paixão segundo Adélia Prado’, que mergulha no universo poético de uma das maiores poetas da literatura brasileira está de volta aos palcos de Manaus. A produção estrelada por Elisa Lucinda será encenada no Teatro Amazonas em duas sessões, no sábado (11), às 20h, e no domingo (12), às 19h. As apresentações contam com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas (SEC), e têm patrocínio do projeto Vivo EnCena, da empresa Vivo.
No espetáculo, que comemora seus 30 anos de carreira e os 20 anos de seu encontro com a diretora Geovana Pires, Elisa Lucinda traduz a poetisa mineira num roteiro criado para revelar sua noção pagã e sacra do pecado e desnudá-la por obra de sua própria palavra.

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Sob a direção de Geovana, a montagem revela uma Adélia que muitas vezes não se mostra logo à primeira olhada, mas está essencialmente presente na sua poesia de carne e de sangue. Por conta do sacro véu que parece cobrir a marca de sua obra, não se vê seu particular e escancarado erotismo, seu desejo e muito menos sua disponibilidade amorosa, seu romance, seu olhar por debaixo da própria saia e das da sua geração, regida pela imagem da Virgem e o extremo desejo reprimido.

Sem tratar do tema na obviedade e sem pretender discursos panfletários, nesta peça, por meio de seus inúmeros elementos cotidianos e femininos, é mostrada a sexualidade desta mulher que traz dentro dela à religiosa pecadora a quem Elisa Lucinda dá vida, com a música de Carlos Malta, a luz de Djalma Amaral, figurino de Madu Penido, cenário de Bia Junqueira e expressão corporal de Duda Maia.

No espetáculo, o delicado mosaico, cenicamente ancorado na produção de imagem que uma palavra provoca, interage também com as imagens audiovisuais que compõem parte do cenário real e subjetivo onde desfilam o desejo e a fé dessa senhora híbrida. Da mesma maneira em que no palco a mulher desejante se expõe em suas profundezas dentro do fundamento sacro, a plateia se vê retratada nos seus bastidores, naquilo que não se conta.

A produção traz ainda uma abordagem da música religiosa e regional de Minas Gerais tão presentes na obra de Adélia Prado, tanto pelas citações nos poemas quanto pela musicalidade de sua poética. Cantora com um timbre muito peculiar, grave, Elisa Lucinda tornou-se excelente intérprete devido à sua intimidade com as palavras.

Com informações da assessoria