Manaus (AM) — Mesmo com os rodoviários cumprindo a determinação judicial de manter 70% da frota em circulação nos horários de pico e 50% nos demais turnos, a paralisação parcial do transporte coletivo já impacta significativamente a vida da população manauara. Desde o início da mobilização, usuários relatam longas esperas, superlotação nos ônibus disponíveis e dificuldade para chegar ao trabalho, escolas e atendimentos médicos.
A paralisação, que ocorre em meio a negociações salariais de 12% entre os trabalhadores e as empresas do setor, além da retirada dos cobradores, teve início nesta semana e está gerando preocupação tanto nos terminais quanto nas ruas da capital amazonense. Mesmo respeitando o percentual mínimo de operação exigido pela Justiça, a realidade vivida por quem depende diariamente do transporte público é de incerteza e desconforto.
“Saí de casa às 5h30 e só consegui pegar um ônibus quase uma hora depois. Cheguei atrasada no trabalho”, relatou Maria das Dores, atendente de supermercado. Situações como essa têm sido frequentes nos bairros mais afastados do centro, onde a oferta de ônibus já é naturalmente mais escassa.
Do outro lado, o Sindicato dos Rodoviários reafirma que está agindo dentro da legalidade e defende que a mobilização é legítima diante das condições enfrentadas pela categoria. Já o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) alerta para os prejuízos e cobra uma solução urgente para minimizar os impactos à população.
A Prefeitura de Manaus afirmou que está monitorando a situação e reforçou que o cumprimento da decisão judicial será acompanhado rigorosamente. Enquanto isso, os usuários seguem enfrentando o desafio diário de se locomover com menos ônibus nas ruas e sem previsão de normalização do serviço.
Nota da Prefeitura de Manaus
A Prefeitura de Manaus, por meio do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU), informa que monitora, com máxima atenção, o movimento grevista anunciado pelo Sindicato dos Rodoviários para esta terça-feira, 15/4, bem como o andamento das negociações entre as partes envolvidas.
Em respeito à população e ao direito à mobilidade urbana, o município ressalta que está ciente da decisão liminar proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, no âmbito do Dissídio Coletivo de Greve nº 0000404-49.2025.5.11.0000, que determina a manutenção de, no mínimo, 70% da frota de ônibus em circulação nos horários de pico (das 6h às 9h e das 17h às 20h) e 50% nos demais períodos. A decisão também proíbe o bloqueio de garagens e qualquer ação que comprometa a prestação do serviço essencial à população.
O IMMU atua com sua equipe técnica em regime de monitoramento e fiscalização para garantir o cumprimento das determinações judiciais, assegurando a continuidade do serviço de transporte coletivo e mitigando os impactos à rotina da cidade.
A Prefeitura de Manaus reforça sua posição institucional de respeito ao direito de manifestação dos trabalhadores, mas destaca que a responsabilidade com a coletividade deve prevalecer. O Executivo municipal defende o diálogo como instrumento fundamental para a construção de soluções equilibradas, que preservem os direitos da categoria e, sobretudo, assegurem a qualidade e a regularidade do serviço público de transporte à população.
