Após 16 horas de rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), com 56 mortos, que começou na tarde de domingo (1º) e Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), que teve quatro, os 60 corpos de detentos do sistema prisional, foram removidos para o Instituto Médico Legal (IML), na Zona Norte de Manaus para os trabalhos de identificação. A carnificina mostrou que o Estado não estava preparado para lidar com uma das maiores tragédias dentro do sistema prisional, que já era anunciado.
A falta de estrutura do IML para armazenar os corpos decapitados e esquartejados obrigou a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) a pedir emprestado um caminhão frigorífico – usado para acondicionar merenda escolar da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino (Seduc). O trabalho dos peiritos para identificar as vítimas mutiladas é feito através de digitais, arcária dentária e exame de DNA, este último em caso de necessidade.
Atualmente, o IML conta com apenas 20 gavetas frigoríficas, que não foram suficientes para atender a demanda, dos 60 corpos mutilados, durante a rebelião, no domingo (1º).
Relatórios técnicos emitidos pelo Governo do Estado atestaram em 2015, 65 problemas estruturais, além de condições de trabalho, no Instituto de identificação Anderson Conceição de Melo (IIACM), Instituto de Criminalística (IC) e IML.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), essa é a maior rebelião da história do sistema prisional do Estado. A brutalidade da violência, com decapitações e corpos carbonizados foi noticiário nacional e internacional e reconhece a falta de estrutura.
Rebelião
Durante a ação sangrenta da facção criminosa Família do Norte (FDN) contra o rival, Primeiro Comando da Capital (PCC), 184 presos fugiram, do Compaj e do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). A Polícia Militar (PM) fez as buscas e conseguiu recapturar 40 detentos, na tarde de domingo. No Ipat, há cerca de 1 mil detentos, enquanto o Compaj abriga 1.230, segundo dados da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
No Compaj, um dos presos mortos foi o ex-policial Moacir Jorge da Costa, o ‘Moa’, que morreu carbonizado, ao ter sua cela incendiada. ‘Moa’, cumpria pena no ‘Seguro’, área isolada onde ficam apenas detentos que correm risco de morte. Na ocasião, o ex-policial estava sozinho na carceragem.
Na UPP, quatro detentos foram decapitados e esquartejados, por volta das 17h. As informações foram confirmadas pelo tenente Fábio Castro, da 28ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), que atendeu a ocorrência inicialmente. As mortes foram aconteceram durante a transferência de presos do PCC para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. A cadeia havia sido desativada em outubro de 2016.
Reféns
Ao todo, 186 pessoas foram feitas reféns no Compaj, sendo 12 funcionários da empresa Umanizare, responsável pela administração do sistema penitenciário do Amazonas. Por volta das 7h, da manhã de segunda-feira (2), os reféns foram liberados durante as negociações.