Como parte da campanha ‘Janeiro Roxo’, promovida pelo Ministério da Saúde, a Fundação Alfredo da Matta (Fuam) realizou na tarde de sábado (27), um mutirão dermatológico, durante o mês em que é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase. Cerca de 800 pessoas foram atendidas na Escola Estadual Gilberto Mestrinho, no bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste de Manaus. A campanha, no âmbito do Governo do Amazonas, está sendo coordenada pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam).
O mutirão contou com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Do total de 800 fichas disponibilizadas à população, 400 foram para pacientes agendados pelo Sistema Nacional de Regulação do Sistema Único de Saúde (Sisreg). As outras 400 foram distribuídas por ordem de chegada.
O secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato, ressaltou a importância da campanha Janeiro Roxo, para a conscientização sobre a necessidade do exame. Segundo o diretor-presidente da Fuam, Helder Cavalcante, a iniciativa tem o objetivo de ampliar o diagnóstico precoce da doença.
“Quanto mais rápido identificamos, mais rápido começamos o tratamento, que é simples e fácil. O diagnóstico também é fácil, por isso, trouxemos toda nossa equipe dermatológica para atender aqui e garantir que se tivermos casos, vamos detectar e fazer o acompanhamento”, ressaltou.
Mais de 100 profissionais da saúde realizaram os atendimentos, que incluíram a realização de testes rápidos de HIV e Sífilis.
“Nós estamos aqui com um objetivo, que é combater a Hanseníase, mas nós estamos atendendo todos os casos. Aquilo que pode ser solucionado com uma consulta, receitado remédio, já estamos resolvendo. Para a Fundação, estamos encaminhando casos mais complexos, que precisam ser melhor analisados”, destacou Cavalcante.
Além da consulta, muitos pacientes já saíram com o medicamento receitado pelos médicos. A equipe de farmacêuticos da Fuam fez a entrega dos medicamentos. Também foram distribuídos kits com informativos, preservativos femininos e masculinos e lubrificantes.
Acesso
Levar o atendimento à zona leste da cidade facilitou o acesso da população. Morador do bairro Grande Vitória, o aposentado Luiz Marcos Venâncio, de 64 anos, foi um dos muitos que decidiram participar do mutirão pela proximidade e facilidade. “Eu estava com umas manchas há algum tempo, mas eu moro longe, não tenho carro, não conseguia agendar com meus filhos para ir. Eu fui deixando para depois e até que surgiu essa oportunidade aqui perto de casa. Eu vim por causa da facilidade mesmo”.
A dona de casa Luzinete Maia, de 44 anos, também levou o filho, de 9 anos, para o mutirão. Ela foi uma das encaminhadas pelo Sisreg para a ação. A consulta, que era para ser somente para o filho, acabou sendo realizada em conjunto.
“Criança sempre tem manchas na pele e eu estava na fila para uma consulta na Fuam. Como teve esse mutirão eu fui avisada que poderia trazê-lo aqui, que teria vaga pra ele. Eu saí muito satisfeita, porque aproveitei e já fui examinada e com receita para o nosso remédio”, disse Luzinete.
No interior
Além da capital, as ações do Janeiro Roxo também alcançam cidades do interior. Em Manacapuru, entre a última quarta-feira (24/01) e esta sexta (26/01), a Fuam realiza consultas e palestras para a população. A ação, que tem apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Manacapuru, levou equipe com médico dermatologista e técnicos para fazer atendimentos. Já foram consultadas aproximadamente 200 pessoas em três dias.
Ao longo do mês de janeiro, outros municípios, como Apuí, Itamarati e Parintins, estão se mobilizando, com apoio da Fuam. As programações locais envolvem treinamentos na área de Hanseníase, realização de exames dermatológicos e mutirões de saúde com busca ativa de casos novos da doença.
Teatro iluminado
Durante todo o mês de janeiro, a sede da Fundação Alfredo da Matta estará iluminada de roxo, chamando atenção para a campanha. No encerramento da agenda da programação, no dia 31, os principais monumentos do Brasil também ganharão as cores da campanha. Em Manaus, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o local escolhido para ser iluminado foi o Teatro Amazonas. No Largo São Sebastião, equipes de saúde farão a sensibilização dos frequentadores do local sobre a Hanseníase, com distribuição de material informativo.
Mobilização ao longo do mês
A agenda de mobilização da campanha “Janeiro Roxo” envolve várias instituições do estado e teve início no último dia 12, com a realização de uma caminhada de sensibilização pelo bairro Colônia Antônio Aleixo, promovida pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).
No dia 24, a Fuam realizou o Seminário de Atualização em Hanseníase. O evento contou com apresentação de temas relevantes na área da Hanseníase, dados sobre a doença no Amazonas, além de pesquisas importantes, como a de autoria da médica da Fuam, Rossilene Cruz, sobre a “Avaliação da Eficácia do Esquema Único de Multidrogaterapia para o Tratamento da Hanseníase”.
Hanseníase no Amazonas
Os casos de Hanseníase no Amazonas reduziram nos últimos anos, passando de 44,3 para cada grupo de 100 mil habitantes, em 2000, para 10,98 para cada 100 mil habitantes, em 2017, o que representa uma queda de 75,2%, em 17 anos. Em Manaus, a redução foi ainda mais significativa, de 86,1%, em 17 anos, apresentando hoje 5,91 casos para cada 100 mil habitantes.
Apesar da redução dos números, os médicos alertam para que a população faça consultas periódicas. Em 2017, foram detectados 446 casos novos de Hanseníase no Amazonas. Do total de casos novos, 126 (28,3%) eram residentes em Manaus e 320 (71,7%) moradores de outros 56 municípios. Em 2016, foram 443 casos.
Na faixa etária de maiores de 15 anos foram detectados 413 (92,6%) casos e em menores de 15 anos, 33 (7,4%). Do total, 60,5% (270) dos casos ocorreram entre pessoas do sexo masculino e 39,5% (176) do sexo feminino.
Os municípios que apresentaram o maior número de casos foram: Manaus (126), Pauini (22), Humaitá (18), Tapauá (18), Itacoatiara (17), Parintins (16), Lábrea (13), Carauari (12), Silves (11), Boca do Acre e Santa Izabel do Rio Negro (10 casos, cada). Em Manaus, as zonas da cidade apresentaram o seguinte perfil: Zona Leste, com 39 casos (30,9%), Norte, com 34 (27%), Sul, com 18 (14,3%), Oeste, com 17 (5,5%), Centro-Sul, com 6 (4,7%) e Rural, com 5 (4%).
Com informações da assessoria