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Com apoio da Prefeitura, complexo do Boothline abre na segunda com feira de produtos regionais

Prédio histórico que abrigará Mercado de Origem de Manaus abre as portas para comercializar produtos regionais

Com apoio da Prefeitura, complexo do Boothline abre na segunda com feira de produtos regionais

A primeira parte da obra de restauração do complexo Boothline vai fomentar o comércio no local (Foto: Divulgação)

Manaus (AM) – Em obras de restauro para se tornar o futuro “Mercado de Origem de Manaus”, o maior do Brasil em uma área de 30 mil metros quadrados, o antigo complexo Boothline abre as portas, a partir da segunda-feira (28), para a comercialização de produtos regionais, todos os dias, das 8h às 17h. A iniciativa é graças à parceria da Fundação Doimo com a Prefeitura de Manaus, na gestão atual, que estão em cooperação técnica desde 2021.

A primeira parte da obra de restauração do complexo Boothline vai fomentar o comércio no local e também resgatar uma parte da história do centro de Manaus. A obra teve a autorização e fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e tem acompanhamento do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), que entra em cooperação com a fundação e o órgão federal, formando uma trinca de sucesso.

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Os primeiros passos contemplam serviços como a realização de limpeza das fachadas e porões, retirada de entulho, instalação de cobertura provisória para proteger as alvenarias remanescentes e colaborar com o travamento das estruturas, avaliação estrutural elaborada por responsável técnico, bem como o acompanhamento arqueológico. O diálogo entre as entidades e o apoio empreendedor da prefeitura foram fundamentais para que o projeto se tornasse realidade, já a partir de segunda, estando aberto ao público, com o funcionamento de uma feira de produtos regionais, sustentáveis, e de agricultura familiar da capital e do entorno.

“O Boothline é um exemplo de que é possível haver projetos bem-sucedidos dentro dos critérios de tombamento do centro histórico. É possível preservar, conservar, mas também garantir um desenvolvimento que gere renda para a população”, disse a superintendente do Iphan-AM, Beatriz Calheiro.

Para o diretor-presidente do Implurb, Carlos Valente, trata-se de um projeto simbólico e de grande importância histórica e patrimonial. “Relembro de um momento da minha vida como servidor público onde fiz estágio neste local, na Divisão de Controle Urbanístico, era 1978. Em 2021, celebramos o termo de cooperação técnica entre prefeitura, Doimo e o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), que terá uma sala muito simbólica para resgatar parte da história da corte de contas estadual. E, hoje, podemos ver este trabalho dando seus primeiros resultados. Começa a se formar uma feira que terá quase 800 permissionários cadastrados, que vão expor seus produtos à venda”, comentou Valente.

As amplas portas com pé direito alto estarão abertas dando acesso aos salões com os produtores, que vão trazer seus itens e matérias-primas direto da fonte, diariamente, das 8h às 17h, com frutas, legumes, gastronomia, artesanato e tudo o que a Amazônia tem de oferta, junto com extrativismo e agricultura.

Na frente do Boothline, há 120 vagas de estacionamento e no entorno, em um raio de 200 metros, somam-se 600 vagas para veículos, oferecendo comodidade, tranquilidade e segurança aos frequentadores.

“Isto é a prefeitura incentivando o empreendedor, novos e grandes negócios, que vão transformar este local, antes abandonado, em um Mercado de Origens. Aqui, o produtor agrega valor ao seu produto, que ele mesmo comercializa e é beneficiário. Apresentando a Amazônia, disseminando nossos sabores, como tucumã, jambu, tucupi, pupunha, açaí, graviola, cupuaçu, farinha, tudo fresquinho e dentro das normas sanitárias. É um novo paradigma para a capital e sua história, neste prédio belíssimo. Tenho certeza absoluta que a Prefeitura de Manaus, incentivando este projeto, mostra que é possível investir no Centro”, disse o diretor do Implurb.

Proprietário

O imóvel que vai abrigar a feira e está sendo revitalizado foi adquirido há 14 anos pelo proprietário, Elias Tergilene, que está atuando diretamente na cidade para inaugurar a ação e coordenar as obras de restauro do empreendimento.
“O pessoal está pronto para a abertura e estaremos esperando o público. Segunda é dia de feira. Resolvemos lançar, inicialmente, esta operação, porque é uma obra imensa, que será inaugurada em etapas. Será o maior Mercado de Origens do país, hoje. O de São Paulo tem 12 mil metros, o de Minas Gerais tem 20 mil, e aqui teremos 30 mil.

Compramos o imóvel há 14 anos e só retomamos o projeto agora, nesta gestão, que assinou cooperação e trouxe o Iphan para fechar a parceria para colocar este patrimônio histórico de pé, novamente. É uma obra imensa e desconheço outro restauro tão grande acontecendo no Brasil neste momento”, frisou Elias.

Os investimentos da fundação e empresa serão da ordem de R$ 150 milhões, com prazo de construção em 24 meses. “A ideia é realizar ainda uma troca de experiências, trazer fóruns de gastronomia, de bebidas, como a cachaça, do café, do queijo, sendo realizados aqui. Têm produtores mineiros muito interessados em vir para o Amazonas, com seus produtos, e outros com interesse nos queijos regionais, inclusive produtos premiados nacionalmente”, ressaltou Elias, ao garantir que a fachada do complexo será preservada.

Para Carlos Valente, ter a primeira operação em funcionamento é o reflexo do que é uma gestão de compromisso com a cidade. “Manaus fez 355 anos e este empreendimento é mais um presente para a cidade. E que a gente possa trabalhar ainda mais pela reabilitação do ‘Nosso Centro’, e isso a gestão está fazendo ao inaugurar o mirante Lúcia Almeida, o largo de São Vicente, o casarão Thiago de Mello, o píer turístico Manaus 355 e o Skyglass do mirante. São todas obras da prefeitura”.

História

O denominado complexo Boothline trata-se das ruínas de um conjunto arquitetônico eclético de edificações comerciais e institucionais construídas na virada do século 19 para o século 20, durante o apogeu do ciclo econômico da borracha no Amazonas. O conjunto abrigou a sede de companhias de transporte (navegação e bondes), dentre elas a empresa Boothline, sede do Tribunal de Contas do Estado, além de lojas, bares e restaurantes.

Os serviços de limpeza e retirada de entulho recuperam os antigos porões das edificações, áreas conectadas com usos a serem identificados a partir do aprofundamento da pesquisa histórica e levantamento arquitetônico. O local funcionou ativamente até a década de 1980 e ficou abandonado desde então, se transformando em ruínas.

“É importante a requalificação dessa área, é um lugar da história, da memória, da identidade, da formação da nossa cidade, um lugar onde a nossa população se organiza, seja para acessar outros municípios, seja para acessar os seus lugares de compra, onde ela consegue também vir aos seus serviços, antes era tudo concentrado aqui. E principalmente as pessoas conhecerem para ver que aquilo que a gente tem na nossa cidade tem valor”, afirmou a superintendente do Iphan.