Manaus (AM) – A tese de doutorado de Rafaella Oliveira dos Santos, aluna da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e orientanda do pesquisador em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Pritesh Lalwani, foi a escolhida para ganhar o prêmio de Melhor Tese 2021 do Programa de Pós-Graduação em Imunologia Básica e Aplicada (PPGIBA), da Ufam. A tese, intitulada “Modulação da Via da Quinurenina na Malária”, tem como foco as investigações sobre a relação entre metabolismo de triptofano e células T reguladores que participam na tolerância e regulação da inflamação, entendendo assim a importância desta via na fisiopatologia da malária.
O prêmio será entregue na próxima segunda-feira (7), em solenidade no Auditório Rio Amazonas, da Faculdade de Estudos Sociais (FES) e terá transmissão on line. A Premiação Melhores Teses e Dissertações 2021 da Ufam escolheu também o trabalho do discente Fábio Magalhães da Gama, intitulado “Caracterização do Perfil de Microvesículas Circulantes em Pacientes Pesdiátricos com Leucemia Linfoblástica Aguda de Ceulas B Submetidos à Quimioterapia de Permissão”, como a melhor dissertação de 2021. De acordo com a comissão avaliadora, os critérios levados em consideração para a escolha foram a relevância para área de estudo e os impactos dos resultados pela qualidade da publicação gerada. No caso do estudo sobre a malária, pesaram o impacto social e econômico da doença para a Região Norte.
O pesquisador Pritesh Lalwani destaca que a excelência do trabalho do orientando é resultado do seu próprio esforço. “A Rafaella conseguiu perceber a importância do tema pesquisado no contexto da Amazônia e num momento em que a Ciência busca contribuir para a erradicação da malária no Brasil. Precisamos aprender muito sobre a resposta imunológica da doença, entendendo como o hospedeiro interage como o parasito, tendo em vista ainda não termos vacina para malária do tipo Vívax. Nosso desafio, foi conseguir entender melhor qual o tipo de resposta precisamos gerar através das vacinas para proteger o hospedeiro”, afirmou Lalwani, que atua em linhas de pesquisa referentes a Metabolismo de Triptofano e Imunopatogênese e Diagnóstico e Dinâmica de Distribuição de infecções Virais.
Durante a pesquisa, foi observado com que intensidade as células T reguladoras são capazes de dar ao paciente capacidade de tolerância à infecção. “Observamos a diferença da quantidade de células T reguladoras entre pacientes que tiveram a primeira malária e os que tiveram a doença mais de uma vez”, explica o pesquisador. Essa diferença, segundo Pritesh, ajuda a entender o porquê das ocorrências de malária subsequentes serem sempre menos graves. “Outro assunto que percebemos aqui é como o metabolismo do triptofano, que é um aminoácido essencial que vem somente da alimentação, participa da modulação desta resposta imunológica para induzir tolerância e proteger o hospedeiro com a inflamação causada durante a doença. Observamos aqui a cadeia importante que leva a esse aumento de células T reguladoras,
A malária ainda é considerada um problema de saúde pública mundial. No Brasil, o tipo predominante da doença é o causado pelo Plasmodium vivax (Pv), responsável por mais de 80% dos casos. Para Rafaella, a pesquisa foi fruto de muitos anos de trabalho. “O projeto exigiu muita dedicação. Foi onde eu aprendi a ser a cientista que sou hoje, com a orientação valiosa do doutor Pritesh. A premiação vem como reconhecimento e é muito gratificante, pois demonstra que lá atrás tive um aprendizado”, afirma. A tese foi desenvolvida ao longo de apenas três dos quatro anos do doutorado, em virtude da pandemia período em que a discente se dedicou a projetos científicos voltados ao combate à Covid-19.
Sobre o PPGIBA
O PPGIBA mantém cooperação com diversas instituições, entre as quais o ILMD/Fiocruz Amazônia. O PPGIBA mantém cooperação com a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM), o Instituto Leônidas e Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz (ILMD-Fiocruz/AM), a Universidade de São Paulo-USP de Ribeirão Preto, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-DHVD), a Fundação Centro de Controle de Oncologia (FCECON) e o Instituto de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (IDTVAM). Vários pesquisadores dessas instituições, pelas razões expostas, são pesquisadores do núcleo permanente ou colaborador do PPGIBA.
As atividades do PPGIBA, tanto as de Mestrado quanto as de Doutorado, estão sendo realizadas nas instalações do Programa, no Bloco das Pós-graduações do ICB/FCA. Dois laboratórios (Laboratório de Imunologia e Doenças Infecciosas e Laboratório de Experimentação Animal) foram equipados para receber professores e alunos do Programa e estão sendo amplamente utilizados. Além desses dois laboratórios multiusuários, outros liderados por professores do Programa tanto na UFAM quanto nas instituições parceiras, têm servido de base para o desenvolvimento de pesquisas no âmbito do Programa.
*Com informações da assessoria