Chuva provoca deslizamentos, alagamentos e morte de quatro pessoas em Manaus

 

Ao menos quatro pessoas morreram e três sobreviveram em decorrência das 16 horas da forte chuva que atingiu Manaus entre a madrugada e a manhã desta terça-feira (27). Das quatro mortes, todas da mesma família, o fato ocorreu na Zona Leste da capital. Ao todo, sete alagamentos, cinco deslizamentos de barrancos e uma captura de animal foram registrados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM).

Na Rua Doutor Basílio, bairro Zumbi dos Palmares 1, Zona Leste, Gabriel Ferreira, 8, foi soterrado após o barranco ceder e uma árvore cair sobre a casa onde morava. O menino dormia na cama quando houve acidente. Ele foi retirado dos escombros e levado por vizinhos para o Pronto-Socorro Joãozinho, mesma zona da cidade.

Segundo a mãe da criança, Valdinéia Ferreira Aguiar, 30, antes do deslizamento, ela fazia outro filho dormir em um dos compartimentos do imóvel de alvenaria, quando a parede da casa quebrou com a força da terra.

“Foi tudo muito rápido e com ajuda de vizinhos consegui retirar o Gabriel com vida dos escombros e outros dois filhos pequenos”, disse a mãe da criança.

 

Familiares informaram que Gabriel permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Pronto-Socorro Joãozinho. O estado da criança é grave.

 

No beco Iolanda, também no bairro Zumbi dos Palmares, três casas foram totalmente destruídas, após o barranco ceder. Ninguém ficou ferido. Entretanto, os moradores afirmaram que o deslizamento de terra foi causado por cortes de galhos de uma árvore, que fica no topo da encosta.

 

O segundo caso ocorreu na Rua Abraão, Comunidade Nova Vitória, bairro Gilberto Mestrinho, também na Zona Leste, onde quatro casas foram destruídas após o deslizamento de terra. Mãe e três filhas morreram soterradas no local.

 

Após três horas de trabalhos intensos, as vítimas fatais Maria do Socorro Protásio, 42, Samile Costa Castro, 14, Samiele Costa Castro, 10, e Samila Costa Castro, 8, foram retiradas dos destroços. Os corpos de mãe e filhas foram removidos para o Instituto Médico Legal (IML).

Outras duas pessoas, identificadas como Sabrina Costa Protásio, 17, e Samir Costa Castro, 13, conseguiram sair do imóvel antes do desabamento. Familiares das vítimas não quiseram comentar o caso com a imprensa.

De acordo com o major Sulemar Barroso, do Corpo de Bombeiros, cinco viaturas e dez soldados da corporação atenderam a ocorrência, além da ajuda de moradores da área.

“Fizemos de tudo para salvar as vítimas, mas infelizmente o volume de terra impossibilitou o resgate das quatro pessoas da mesma família com vida”, explicou o major Sulemar.

 

A ocorrência mobilizou o Corpo de Bombeiros, Subcomando de Ações de Defesa Civil (Subcomadec) do Estado do Amazonas, Defesa Civil do município, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Polícia Militar (PM), Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização de Trânsito (Manaustrans) e Instituto Médico Legal (IML).

 

Ao longo dos trabalhos, a Defesa Civil Municipal fez avaliações e as casas da área foram evacuadas para evitar mais acidentes. Segundo o secretário executivo de Proteção e Defesa Civil, Cláudio Belém, famílias que moram em casas ameaçadas foram orientadas a deixarem o local.

“Já fizemos o mapeamento da área atingida e constatamos indícios de possíveis deslizamentos. Por conta disso, as famílias foram orientadas a saírem do local. Todas essas pessoas afetadas iram receber auxílio do órgão competente”, disse Cláudio Belém.

Outras ocorrências

Por volta das 13h, o Corpo de Bombeiros registrou o desabamento de um muro, na Rua Beira Rio, bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste da cidade. Não houve feridos.

Já na Rua Antônio Aleixo, Comunidade da Fé, mesmo bairro, o barranco desabou sobre uma residência. Uma equipe de bombeiros foi até o local e constou que não havia vítimas. A área foi isolada e as famílias foram retiradas da área de risco. A Defesa Civil do município e Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) fizeram o cadastramento das pessoas no local.

 

Em outro caso, no bairro Distrito Industrial, na Zona Sul, dois jacarés foram resgatados após irem parar em via pública. Os animas haviam subido do leito de um igarapé, que se estende ao longo da via.

Na empresa LG Electronics da Amazônia, o estacionamento ficou totalmente inundado. Um carro chegou a ficar flutuando no local. No bairro Praça 14 de Janeiro, também na Zona Sul, casas ficaram submersas.

 

Em outra ocorrência, próximo à Reserva Florestal Adolpho Ducke, no bairro Cidade de Deus, Zona Norte da cidade, parte da via pública foi obstruída após o desabamento de um barranco. Ainda no mesmo bairro, casas situadas na Rua Tapiti ficaram alagadas.

 

Também na Zona Norte, Conjunto Francisca Mendes, Comunidade Novo Mundo, Bairro Santa Etelvina, bairro Compensa, Zona Oeste, casas ficaram alagadas.

Trânsito

A chuva torrencial também provocou acidentes de trânsito, queda de árvores e apagões em semáforos. Na Avenida Autaz Mirim, bairro São José, Zona Leste, próximo à rotatória do produtor, a via ficou alagada e causou lentidão no fluxo de veículos. Em outro ponto da capital, a passagem subterrânea da Avenida Djalma Batista com a Darcy Vargas, Zona Centro-Sul, ficou alagada e prejudicou o trânsito. Na Avenida Mário Ypiranga, mesma zona da cidade, uma árvore caiu e prejudicou o tráfego de veículos.

O Instituto Municipal de Engenharia de Fiscalização de Trânsito (Manaustrans) registrou, por volta das 8h58, um acidente na Avenida Constantino Nery, próximo ao Terminal de Integração 1 (T1). Uma pessoa, que não teve o nome divulgado, ficou levemente ferida ao colidir a própria motocicleta contra um carro.

Interior

A chuva que castigou a capital amazonense também deixou a frente do município de Presidente Figueiredo (a 115 quilômetros de Manaus) alagada, prejudicando comerciantes. Quedas de árvores também foram registradas no município e deixaram algumas vias interditadas.

Chuvas

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), desde a meia noite e meia, choveu em Manaus, 102,02 mm. A maior intensidade foi de 9h às 11h com 72,8 mm. O acumulado do mês já ultrapassa os 420 mm do normal estimado de 190 mm a 200 mm.

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