
Wilson Lima, governador do Amazonas (Foto: Divulgação)
Manaus – A pesquisa do Instituto Realtime Big Data, divulgada na terça-feira (5), pelo Jornal da Record, revela que 70% da população é a favor ao impeachment do governador Wilson Lima (PSC) e do seu vice, Carlos Almeida Filho (PTB). Em dezembro do ano passado, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) recebeu o pedido, mas o documento foi arquivado pela Mesa Diretora da Casa.
Conforme o Diário Eletrônico do dia 5 de fevereiro deste ano, a justificativa é a falta de fundamentação e descrição dos fatos. Mas o afastamento do governador e do vice voltou a rondar na Aleam, com dois novos pedidos de impeachment, alegando má gestão durante a pandemia por causa do novo coronavírus, que já contabiliza 8.109 casos confirmados e 649 mortes em todo o Estado, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM).
De acordo com a pesquisa, 70% concordam com a saída do chefe de estado, sendo 22% são contra e 8% não souberam responder. O levantamento, com margem de erro para 3 pontos percentuais, ouviu 1,2 mil pessoas em todo o Estado.
A gestão do governador Wilson Lima também está mal avaliada. A pesquisa revela que 72% dos entrevistados avaliam como ruim e péssima atual gestão. Outros 17% acham o governo ótimo ou bom e 11% não sabem ou não souberam responder aos questionamentos.
Em Manaus, 69% das pessoas entrevistadas são favoráveis ao impeachment e 21% são contra, enquanto 10% dos entrevistados não souberam responder. Já na Região Metropolitana de Manaus (RMM), 67% aprovam o impeachment, 25% rejeitam o pedido e 8% preferiram não opinar. No interior, 76% concordam com o impedimento do governador. Outros 20% são contra e 4% não souberam responder.
Pedido de impeachment
Em dezembro do ano passado, os deputados Wilker Barreto (Podemos) e Dermilson Chagas (PP) protocolaram o pedido de impeachment, denunciado a “grave crise na saúde pública do Amazonas” e a “omissão do Governo em propor soluções para evitar a falta de medicamentos e insumos nas unidades hospitalares, além da ausência de equipamentos para exames e atraso de salários para os profissionais terceirizados da saúde”.
À época, os servidores terceirizados da saúde realizaram vários protestos em frente dos hospitais alegando que estavam sem receber há mais de seis meses e que não tinha dinheiro nem mesmo para a passagem do transporte público. Os servidores também denunciaram redução no quadro funcional e más condições de trabalho, enquanto os pacientes denunciaram superlotação, falta de leitos e medicamentos.
Denúncia
Após a reportagem do programa Conexão Repórter, apresentada pelo jornalista Roberto Cabrini, no dia 27 de abril deste ano, quando expôs o caos na rede pública estadual de saúde e superfaturamento na compra de respiradores para tratamento de pacientes com Covid-19, que foram adquiridos por uma adega de vinhos, o Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), representado pelo médico Mário Vianna, também protocolou o pedido de impeachment contra o governador Wilson Lima e do vice, Carlos Alberto Almeida Filho.
A categoria alega no documento “prática de crimes de responsabilidade e improbidade” na estão da saúde no Estado durante a pandemia do novo coronavírus. O documento reforça, ainda, a perda do mandato público e a inabilitação para que Wilson Lima e Carlos Alberto Almeida Filho não exerçam a função pública pelo prazo de cinco anos.
Novo pedido de impeachment
No dia 29, o presidente do Conselho Regional de Administração do Amazonas (CRA-AM) enviou um novo pedido de afastamento do governador e do vice para a Aleam, alegando falta de honestidade na Administração Pública Estadual na Área da Saúde, prática de crimes de responsabilidade e inabilitação para exercer função pública por período de cinco anos.
Em meio a esse cenário de crise na saúde, por conta da pandemia do novo coronavírus no Amazonas, com o primeiro caso confirmado no dia 13 de março deste ano, e que só tem aumentado o número de casos e de mortes, o governo instalou câmeras frigoríficas nos hospitais para armazenar os corpos. Os pedidos de impeachment seguem em análise na Aleam.