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Política

“Anistia ampla está liquidada”, diz Paulinho da Força

Relator defende redução de penas em vez de perdão total aos réus do 8 de Janeiro

“Anistia ampla está liquidada”, diz Paulinho da Força

Paulinho da Força (Foto: Divulgação)

O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) afirmou nesta sexta-feira (19) que a proposta de anistia “ampla, geral e irrestrita” para os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 está descartada.

“O projeto que estamos tratando é para reduzir penas”, declarou em entrevista à Rádio Eldorado.

Segundo o parlamentar, a revisão das penas alcançará todos os condenados, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sentenciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe.

“Se vai reduzir para que o Bolsonaro seja liberado, aí é outra coisa”, ponderou Paulinho, relator do projeto.

PL da Dosimetria substitui Anistia

Paulinho explicou que a ideia inicial de conceder perdão total aos envolvidos nos atos antidemocráticos se mostrou inviável.

“Não estamos mais tratando de anistia ampla, geral e irrestrita. Isso era um sonho, mas não é possível”, admitiu.

O novo texto, chamado de PL da Dosimetria, busca uma alternativa que não confronte decisões já tomadas pelo STF, que declarou inconstitucional qualquer forma de perdão a crimes contra o Estado Democrático de Direito.

“Não vou fazer projeto para afrontar o Supremo Tribunal Federal”, reforçou o relator.

Repercussão na Câmara dos Deputados

Plenário da Casa (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Plenário da Casa (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A proposta enfrenta resistência tanto da oposição quanto de parte da base governista. Deputados ligados ao PL, partido de Bolsonaro, insistem em defender a anistia integral, mesmo que nas negociações reservadas discutam a possibilidade de aceitar a redução de penas.

O líder da oposição, deputado Luciano Zucco (PL-RS), criticou a condução do relator:

“Queremos ver o texto da anistia. É, no mínimo, estranho – e até desrespeitoso – o relator falar em texto sem falar com quem pautou o tema da anistia.”

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chegou a ameaçar Paulinho da Força, sugerindo que o relator poderia sofrer sanções vindas dos Estados Unidos.

Na base governista, o posicionamento é firme contra qualquer tipo de perdão. O deputado Alencar Santana (PT-SP) avaliou que conceder benefícios a quem tentou desestabilizar o regime democrático seria “um incentivo para novos crimes”.

Articulação e negociações

O relator tem dialogado com diferentes lideranças políticas, incluindo Michel Temer (MDB), Aécio Neves (PSDB-MG) e Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara. Segundo ele, Temer chegou a conversar sobre o tema com o ministro Gilmar Mendes, decano do STF, mas sem participação formal da Corte.

A expectativa de Paulinho da Força é concluir o relatório até quarta-feira (24). O PL da Dosimetria tramita em regime de urgência, o que acelera sua votação.

“Esse projeto pode pacificar o Brasil e permitir que o Congresso volte a discutir os problemas do mundo real”, disse o deputado.

No entanto, a divisão entre Centrão, oposição e base governista torna incerto o futuro do texto. Enquanto uns defendem revisão de penas para encerrar o impasse, outros insistem que apenas a anistia total atende às expectativas de seus eleitores.

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