
Buraco da tragédia é tapado pela Seminf, da Prefeitura de Manaus (Foto: Elias Fonseca)
Manaus (AM) – A tragédia que vitimou a biomédica Giovana Ribeiro da Silva, de 29 anos, grávida de sete meses, reacendeu duras críticas à gestão do prefeito David Almeida. Giovana e sua filha, Maria Carolina, morreram na noite de domingo (22), após o companheiro da vítima perder o controle da motocicleta em que estavam ao cair em um buraco na Avenida Djalma Batista, no conjunto Vieiralves, Zona Centro-Sul da capital amazonense.
A cratera, que segundo moradores estava aberta há dias sem qualquer sinalização, tornou-se símbolo da negligência da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e da inércia da Prefeitura de Manaus diante do colapso viário da cidade. Horas após a morte da mãe e do bebê, equipes da Seminf foram vistas no local, tapando o buraco. A ação, tardia e sem qualquer posicionamento público do prefeito ou de seus auxiliares, foi vista como um gesto de desespero político, e não de compromisso com a vida.
Vídeos gravados por testemunhas revelam que o local não contava com nenhuma forma de alerta ou contenção. O impacto da queda arremessou Giovana contra uma árvore. Ela morreu na hora. O companheiro, que pilotava a moto, foi socorrido com ferimentos. O estado de saúde dele não foi divulgado.
Nas redes sociais, a comoção rapidamente deu lugar à indignação. “Mais uma vida perdida por causa de um buraco que estava ali há dias. Só agem depois que alguém morre”, escreveu uma internauta.
Gastos
Com orçamento de R$ 881 milhões para 2025, a Seminf é alvo de críticas recorrentes pela má qualidade das obras, pela ausência de planejamento e pela demora em responder às demandas da população. Segundo levantamento da imprensa local, ao menos quatro mortes neste ano já estão diretamente ligadas à má conservação das vias em Manaus.
Entre os casos, estão o do aposentado Josué Moreira, de 64 anos, que também caiu em um buraco na zona norte da cidade, e o do motociclista Eduardo Lima, morto após colisão causada por desvio de buraco na Torquato Tapajós.
Até o momento, nenhuma autoridade da Prefeitura de Manaus se manifestou oficialmente sobre o caso de Giovana e Maria Carolina. Não houve responsabilizações, exonerações ou promessas de investigação interna. A falta de transparência e a omissão pública do prefeito David Almeida vêm alimentando a revolta da população, que cobra respostas e medidas imediatas para evitar novas tragédias.
O velório de Giovana e da filha aconteceu nesta segunda-feira (23), na Igreja Assembleia de Deus, no bairro Monte das Oliveiras, zona leste de Manaus.
Enquanto crateras continuam se multiplicando pelas ruas da cidade, cresce também o sentimento de abandono e insegurança entre os manauaras — que, mais uma vez, pagam com vidas o preço da ineficiência do poder público.