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Dia de conscientização do autismo terá caminhada educativa na Ponta Negra

Caminha na orla da Ponta Negra - foto Marinho Ramos/Semcom

Caminha na orla da Ponta Negra – foto Marinho Ramos/Semcom

O Instituto do Autismo no Amazonas (IAAM) realiza, no próximo domingo (2), a caminhada educativa ‘Por uma Manaus Azul’ em comemoração ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O evento ocorrerá no Complexo Turístico da Ponta Negra, na Zona Centro-Oeste de Manaus, a partir das 7h, com passeata popular, stands para palestras, panfletagens e apresentações artísticas de crianças e adolescentes com autismo.
A mobilização tem o apoio do Governo do Amazonas, por meio do Fundo de Promoção Social (FPS), Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz-AM) e Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel). A caminhada terá a participação de autistas, parentes e profissionais que prestam atendimento. Os organizadores pedem que as pessoas utilizem roupas com a cor azul, que simboliza a data.

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“A causa abrange milhares de famílias no Amazonas. Trabalhamos em Manaus com 40 crianças fazendo terapias, mas alcançamos uma faixa de 300 famílias com as instituições parceiras. Isso tem sido fundamental para gerar avanços”, disse o presidente da IAAM, Adauto Paes Machado.

Sensibilização da sociedade – Segundo Machado, o objetivo do evento é sensibilizar a sociedade para o tema. A incidência de pessoas que nascem com Transtorno de Espectro Autista (TEA) tem crescido. Alguns estudos apontam fatores genéticos, outros indicam que houve problemas durante a gravidez. Todas as causas são suposições à medida que os pesquisadores ainda não conseguiram identificar, com segurança, a origem do transtorno.

“Somente as pessoas que apresentam Transtorno de Espectro Autista (TEA) leve são inseridas na sociedade, conseguindo, inclusive, uma ocupação remunerada. Os demais são relegados ao segundo plano. A maioria das instituições que presta atendimento aos autistas é voltada para a fase infantil. Quando crescem ficam desamparados. Em Manaus, somente a AMA (Associação Amigos dos Autistas) atende adultos, mas a sua localização no bairro do Puraquequara e a pouca quantidade de vagas disponíveis dificultam o acesso dos interessados”, explicou Telma Viga, vice-presidente da AMA.

Desenvolvimento de habilidades – A certeza dos especialistas é de que o estímulo correto da fala, memória, corporal, sensorial contribuem para o desenvolvimento e aquisição de habilidades. Em virtude disso, as entidades desenvolverão na Ponta Negra, no dia 2 de abril, atividades com piscina de bolinhas, pula-pula, circuito psicomotor e espetáculo de dança para aumentar a integração dos autistas, reduzir o nível de estresse, ampliar a concentração.

Uma estimativa feita com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2000, apresenta uma taxa de dois milhões de brasileiros com TEA. Cerca de 600 mil tem menos de 20 anos de idade.

O evento em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo é realizado pelo IAAM em parceria com a AMA e as associações Mãos Unidas Pelo Autismo (MUPA) e Autismo Gerando Informação com Responsabilidade (AGIR).

Sefaz azul – A cor azul é a marca da campanha que tem como tema “Manaus toda azul”. A partir do dia 2 de abril, a fachada da Sefaz-AM ficará iluminada com esta cor em apoio à inserção dos autistas na sociedade. “A Secretaria participa porque é importante lembrar que o preconceito, a discriminação são danosos para estas pessoas, que devem ter seus direitos respeitados quanto qualquer outro cidadão. No nosso quadro funcional, temos um casal de servidores que possuem um filho autista. A Sefaz-AM, entendendo a dificuldade para o desenvolvimento da criança, flexibiliza o horário de expediente dos pais para que eles possam levar o filho aos especialistas”, explicou o secretário de Fazenda, Jorge Jatahy.

Para ampliar o conhecimento a respeito do autismo e suas complicações junto ao público interno, a subgerência de Assistência ao Servidor da Sefaz-AM irá realizar uma campanha pela intranet para divulgar os sintomas do transtorno que afeta mais meninos do que meninas. Em geral, o espectro se manifesta nos três primeiros anos de vida, quando os neurônios (que coordenam a comunicação e os relacionamentos sociais) deixam de formar as conexões necessárias, segundo informações do dr. Dráuzio Varela.

Diagnóstico tardio – Quando a universitária Rita Sá teve o primeiro e único filho, Nelson Cesar de Souza Neto (hoje com 12 anos) não suspeitou que o bebê, nascido aos oito meses de parto cesárea, tivesse algum tipo de problema. “Ele era um menino grande para o tempo de gestação. Não havia sinais e nem o pediatra me alertou para alguma anomalia”, relembrou Rita.

A percepção da mãe de que o desenvolvimento não seguia o curso normal acendeu o sinal vermelho aos dois anos. Nelson não falava. Procurou um otorrinolaringologista que recomendou tratamento com posterior cirurgia de adenoide. Não funcionou.

O menino, além de não falar, apresentava comportamento estranho. “Ele quase não sorria. Não gostava de brincar com outras crianças. Tinha um apego exagerado por canudinho, que passou para um pente, depois para uma cruzeta, mais tarde para espadas. Atualmente, ele não consegue ficar sem brincar com espadas. Compro de dúzias no centro da cidade para acalmá-lo. Somente aos quatro anos, após trocar de médico, encontrei uma pediatra (tia de autista), que suspeitou que meu filho tivesse o mesmo problema. Perdi muito tempo”, enfatizou a mãe.

O diagnóstico foi o inicio de uma longa caminhada. Aos seis anos, Rita matriculou o filho na primeira escola particular. O despreparo dos profissionais a levou a retirá-lo e matriculá-lo em outras duas escolas, que também não foram bem sucedidas no emprego de metodologias para que a criança aprendesse novas habilidades.

Somente quando passou a frequentar uma escola direcionada para pessoas com necessidades especiais, no bairro da Cachoeirinha, o menino começou a se desenvolver. Agora, lê e está treinando a coordenação motora fina para escrever. “Após muitas dificuldades para encontrar os profissionais adequados, decidi fazer a faculdade de Fonoaudiologia. Levo para sala de aula minha vivência e recebo em troca orientação de como ajudar meu filho a aprender e ser feliz”, explicou Rita.

O desafio é diário. Nelson é um telespectador voraz de telejornais e desenhos animados. No início, só assistia a programação em inglês. Agora passou para o espanhol. “Muitas palavras, como o nome das cores, ele só sabia dizer em inglês. Estou trabalhando para que ele consiga associar os nomes na língua portuguesa. Além disso, eu e minha família investimos no afeto como ferramenta maior. Antes, ele não gostava de ser tocado. Como estamos sempre beijando e o abraçando, ele já consegue se comunicar dessa forma”, comemora Rita.

Sinais
Fique atento a alguns sinais característicos do Transtorno de Espectro Autista (TEA):
– Não olha nos olhos ou o faz de forma inconstante;
– Brinca de forma estranha;
– Não atende pelo nome, mas responde a outros sons ou age como se fosse surdo;
– Resistente à mudança na rotina;
– Não fala ou fala de forma incompatível com a sua idade;
– Não aponta para os objetos que deseja;
– Ausência de medo em situações de perigo real;
– Apego inadequado a objetos.

Com informações da assessoria